Mensagem da Diretora-Geral
da UNESCO
Agarra a lua
e agarra uma estrela
quando não sabes
quem és
pinta a imagem na tua mão
e regressa a casa
[…]
Alcança a lua
fá-la falar
liberta a sua alma
fá-la andar
pinta a imagem na tua mão
e regressa a casa
Excerto de “Howlin at the
Moon” de Wayne Keon
A
poesia, em todas as suas formas, é uma poderosa ferramenta de diálogo e de
aproximação. Expressão íntima que abre portas aos outros, enriquece o diálogo –
fonte de todos os progressos humanos - e tece laços entre as culturas.
Neste
vigésimo aniversário do Dia Mundial da Poesia, a UNESCO traz à luz a poesia
indígena para celebrar o papel único e poderoso da poesia na luta contra a
marginalização e a injustiça, e na união das culturas num espírito de
solidariedade.
“Howlin
at the Moon”, de Wayne Keon (membro
da Primeira Nação Nipissin, Canadá) evoca a usurpação indevida da cultura
indígena por outras culturas dominantes. Este poema aborda o tema da perda da
identidade nativa devido à sua reinterpretação por forasteiros, independentemente das suas boas intenções
e, por conseguinte, a confusão do próprio autor no que respeita à sua
identidade.
A
poesia é importante para a salvaguarda de línguas frequentemente ameaçadas
assim como para a preservação da diversidade linguística e cultural. Proclamado
pela UNESCO como o Ano Internacional das Línguas Indígenas, o ano de 2019
reafirma o compromisso da comunidade internacional em ajudar os povos indígenas
a protegerem as suas culturas, os seus conhecimentos e os seus direitos.
Esta
designação surge num momento em que os povos indígenas, assim como as suas
línguas e culturas, se encontram, cada vez mais ameaçados, em particular devido
às alterações climáticas e ao desenvolvimento industrial.
De
forma a salvaguardar as tradições vivas, a UNESCO tem envidado esforços para
incluir diversas formas poéticas na Lista Representativa do Património
Imaterial da Humanidade, exemplo disso são os Cantos Hudhud das Filipinas, a
tradição oral do povo de Mapoyo da Venezuela, a Eshuva, preces cantadas na
língua indígena Harákmbut do Perú e a tradição oral Koogere do Uganda.
Cada
género de poesia é único, mas cada um reflete a universalidade da condição
humana, o desejo de criatividade que atravessa todos os limites e fronteiras do
tempo e do espaço, numa afirmação constante de que a humanidade é uma mesma e
única família.
É
este o poder da poesia!
Audrey Azoulay
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