Divulgação informativa e cultural da Escola Secundária/3 Camilo Castelo Branco - Vila Real

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Filosofia com humor

“Dimitri: Então, Tasso, pareces ser uma daquelas pessoas que pensam que não existe uma verdade absoluta, que toda a verdade é relativa.
Tasso: Certo.
Dimitri: Tens a certeza disso?
Tasso: Absoluta.”

Thomas Cathcart e Daniel Klein, Platão e um Ornitorrinco entram num Bar..., Dom Quixote, Lisboa, 2008, pág. 220

Filosofia com humor

“Um homem está preocupado porque pensa que a mulher está a ficar surda e, por isso, vai ao médico. O médico sugere-lhe que experimente um simples teste em casa: parar atrás dela e fazer-lhe uma pergunta, primeiro a seis metros, depois a três metros e, por fim, mesmo atrás dela.
O homem vai para casa e vê a mulher na cozinha, virada para o fogão. Da porta, pergunta:
- Que vamos jantar esta noite?
Nenhuma resposta.
Três metros atrás dela, repete:
- Que vamos jantar esta noite?
Continua sem resposta.
Por fim, mesmo atrás dela, pergunta:
- Que vamos jantar esta noite?
A mulher volta-se e diz:
- Pela terceira vez… frango!"

Thomas Cathcart e Daniel Klein, Platão e um Ornitorrinco entram num Bar..., Dom Quixote, Lisboa, 2008, pp. 73-74.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Doping Intelectual

Quando só estudar não chega…
As Smart Drugs são a resposta?

Vivemos num mundo competitivo por excelência, repleto de tensões, no qual tudo muda rapidamente e ninguém sabe o que nos reserva o futuro. Os postos de trabalho diminuem a um ritmo vertiginoso, os salários parecem contas de divisão. Por outro lado, as taxas, impostos e mensalidades aumentam de dia para dia. Somos demais, os bens escasseiam, a competição é desenfreada. Assim sendo, é-nos imposta uma enorme pressão desde cedo para que sejamos infalíveis, quer seja por parte dos pais, quer seja por parte dos professores, ou até mesmo por parte da própria sociedade em geral.
Quem não sente esta pressão? Quem de nós não se sentiu em certa ocasião incapaz de lidar com tantas imposições? Quem de nós nunca desesperou por se considerar inferior e inútil num mundo que nos impinge a perfeição? Possivelmente, ninguém.
Em épocas de exames finais em que nos consciencializamos de que temos de sobreviver a uma verdadeira maratona de livros, conciliando-a com a vida pessoal e restantes afazeres, o nervosismo e o medo de falhar falam mais alto e a primeira pergunta que surge é “Serei capaz?”. É neste contexto apocalíptico que as “smart drugs”, substâncias estimulantes do Sistema Nervoso, surgem como a solução milagrosa.
Inteligência, concentração e memória, tudo num só comprimido! Um cocktail aliciante não? Este é o último recurso para jovens estudantes desesperados, na expectativa de encontrarem estratégias que os ajudem a rentabilizar o seu estudo.
As “smart drugs” vieram para ficar. Ignorar esta realidade seria um acto de irresponsável alheamento. Segundo o Diário de Notícias, a venda de estimulantes cerebrais aumentou cerca de 66% só nos últimos dois anos. Esta notícia foi, muito provavelmente, lida com indiferença por alunos e pais que, inocentemente, acreditam que tal realidade nunca lhes baterá à porta.
Ora, esta é a verdadeira epidemia do século XXI, e já conquistou cerca de 20% dos alunos portugueses. Imaginem só: um em cada cinco alunos já se rendeu a estas substâncias. Os especialistas alertam que este fenómeno se está a espalhar por todo o mundo e a variedade de substâncias que melhoram a performance cerebral aumenta de dia para dia.
Os efeitos secundários decorrentes do consumo de estimulantes podem, contudo, ser muito graves e, como sublinha o neurologista Castro Caldas, os efeitos desejados podem nunca ser alcançados: “Não tem qualquer efeito na memória, o máximo que conseguiremos é uma sensação de concentração e insónia” acrescentando que “alteram a biologia normal do cérebro”, “causam perturbações psicológicas”, “hiperactividade e ressacas” e são extremamente viciantes.
Mais alarmante do que a forma arbitraria e descuidada como a maior parte de nós vai adquirindo vitaminas numa farmácia, é a atitude irresponsável que temos quando compramos certas substâncias estimulantes via web. É deveras aliciante recorrermos a estas substâncias sem que ninguém o saiba, sem termos de magicar desculpas e justificações, sem nos depararmos com a atitude inquisitória de alguns. No entanto, tal atitude resulta no desprezo da nossa saúde. A verdade é que, muitas vezes, a composição destes estimulantes vendidos on-line diferem daquela que é reclamada no rótulo.
Ei, tu aí, aluno da Camilo, não te incomoda não saberes o que ingeres, verdadeiramente?
Neste momento deves estar a questionar-te quem somos nós. Somos um grupo de Área de Projecto preocupado com aquilo que consideramos uma epidemia silenciosa em desenvolvimento. Um grupo que pretende sensibilizar-te, nosso colega de viagem, e alertar-te para os efeitos ocultos dos estimulantes cerebrais.
Colabora. Informa-te. Coloca perguntas no nosso “Baú das Dúvidas” e, com a ajuda de um profissional, dar-te-emos resposta. Revela os teus medos e preocupações. Visita a nosso blogue http://www.apdopingintelecutal.blogspot.com.
Conhece a verdadeira realidade do doping intelectual! Preserva a tua saúde!


Doping Intelectual,
Área de Projecto, 12º C


(Andreia, nº3, Bárbara, nº 4,
Madalena, nº 9, Rui, nº 13,
Sofia, nº 14)

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Visita de estudo - Lisboa, Fátima, Peniche e Óbidos

Nos dias 16 e 17 de Fevereiro, as turmas G e H do 12ºano realizaram uma visita de estudo a Fátima, Lisboa, Peniche e Óbidos.
A partida de Vila Real realizou-se às 07hoo em direcção a Fátima, local de almoço, seguido de uma visita livre pelo santuário. Depois seguimos para Lisboa. Aí, por volta das 14h30, visitámos, de uma forma pormenorizada, os espaços da Assembleia da República, sob a orientação do deputado José João Bianchi, a quem desde já agradecemos. Por volta das 15h30, assistimos ao plenário na Assembleia da República - interpelação ao governo/nº13/13 PCP, centrada na legislação laboral. Estavam presentes os Ministros da Presidência, Assuntos Parlamentares, do Trabalho e os deputados dos vários grupos parlamentares.
Às 17h, dirigimo-nos ao Inatel de Oeiras, onde pernoitámos. A noite cultural foi passada no Casino Estoril. Assistimos aí ao espectáculo "Fado - História de um Povo", de Filipe La Féria, onde se retratava as várias facetas do Fado ao longo da nossa história, dando-nos uma perspectiva da evolução desta forma de cantar, em termos históricos, sociológicos e de Direito.
No dia seguinte, até à hora do almoço, visitámos Peniche, essencialmente o Forte, com tradição histórica no período pré 25 de Abril de 1974.
Depois de visitarmos Óbidos, regressamos a Vila Real.
Foi uma visita muito agradável e proveitosa, da qual resultarão trabalhos que serão apresentados à comunidade no final do ano lectivo.


Santuário de Fátima.

Fátima - Igreja da Santíssima Trindade.


Assembleia da República.
Assembleia da República - Sala do Senado.

Entrada do Forte de Peniche.

Local onde esteve preso Álvaro Cunhal.


Forte de Peniche - Zona do "Segredo", local de tortura dos presos políticos.

Óbidos - Vista panorâmica.


Texto : Maria Rocha, 12ºH
Imagens: Professores e alunos.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

DA GRAMÁTICA DOS AFECTOS (II)

Regressamos aonde nunca tínhamos saído, afinal, ao longo dos três dias de discussão e debate: aos desafios colocados e postulados pelas neurociências que, bem o sabemos, exercem, em nossa época, grande fascínio/influência sobre o mundo em volta e respectivo zeitgeist. A teologia, mais até, a (re) compreensão do homem pelos homens de hoje, teria de os ter em mente e de os fazer passar pelo crivo de exigente exame crítico. A conferência final, do Prof. Miguel Real, foi resposta global - verdadeiramente iluminadora - à visão do homem – nada asséptica, por sinal, como tantos crêem – que vem sendo afirmada por um vasto conjunto de neurocientistas, em diferentes latitudes.
Estes mesmos neurocientistas – americanos ou franceses, por exemplo – que afirmam que a mente/razão é produto do cérebro: o cérebro causa a mente. Só podemos pensar com o cérebro (Searle, Damásio, Popper, Putnam, etc.). O que os behavioristas, cognitivistas (partem dos estudos lógico-matemáticos das ciências da informação), ou neurólogos (partem da anatomia do cérebro), para quem a paixão, a inteligência, a razão só têm uma sede – o cérebro, pois claro – não conseguem explicar ou responder prende-se com três questões essenciais: a) a criação de valores universais; b) a criação do conhecimento sobre valores universais; c) a existência de conceitos sem imagem como suporte do significado. A (pura) relação corpo-mente é, manifestamente, insuficiente para lhes cabal resposta.
Aproximando a lente: “amor” e “Deus”, para exemplificar, não encontram expressão nestas teses; enquanto criação da própria humanidade – mesmo supondo tal hipótese – existe a ideia de Deus: ideia de Deus enquanto símbolo de infinito, eternidade, omnipotência, omnisciência, perfeição. Amor que não abrange a minha mulher, o meu filho, os meus amigos – pois este amor se encontra já nos primatas – mas amor de toda a humanidade, amor aos próprios inimigos – este amor não encontra expressão lógica: “não há expressão lógica para a frase: ‘o amor de Deus’ ”.
Esta criação de valores universais, de que, aliás, a Bíblia é repositório, não tem lugar na investigação neurológica. Vejamos: dedução, indução, complexidade. Nenhum dos métodos de carácter lógico-matemático nos permite aceder a um ponto indeterminado como Deus. “Deus seria a expressão do cálculo como do calculador”; Deus é “fora de série”, Deus é “paralelo ao mundo”, Deus é “transcendente ao mundo”, dir-nos-iam.
A ideia de Deus é inata. Como Descartes sabia, através da experiência não se chega a Deus; do finito não conseguimos dar o salto para o infinito – e, portanto, Deus tem que ser postulado – como também faz Kant. Ou, na sabedoria clássica de Anaximandro, Deus como aquilo que não tem perímetro, que não é limitado. Do campo da neurologia nunca se explica como as palavras “Deus”, “espírito” chegam até nós.
António Damásio diz-nos que a consciência estabelece planos de imagens (imagem do copo, da garrafa, etc.; de resto, é Professor de imagologia). Acontece que há conceitos que não têm imagem (ex: amor), não têm referente. O infinito não tem imagem, a omnisciência tão pouco. Se se afirma que o meu cérebro só trabalha com imagens, então como criar valores/ideias desprovidos, totalmente, de imagens?
Mesmo tendo em conta a navalha d’Ocham – pela expressão se entende a necessidade de não multiplicar conceitos, a simplicidade científica – carece-se de um outro conceito que dê conta de uma esfera da realidade historicamente designada por espírito. Chamar-lhe-emos, precisamente, este nome tradicional - espírito.
Sistematizando, poderemos dizer que face ao problema em apreço temos (i) a posição monista – que é comportamentalista, fisicalista, biológica, culturalista – que afirma: “os cérebros causam a mente” (Searle, pág.48). A mente identifica-se com o espírito. Na formulação – culturalista – de Popper há três dimensões – corpo, mente, espírito – mas sendo o espírito criação da mente; (aquilo) tudo o que a mente criou; (ii) a posição religiosa clássica – para a qual a alma ou espírito acresce ao corpo (tese dualista ou descontinuista); (iii) a posição transcendentalista (defendida pelo nosso autor/conferencista): o corpo humano é a casa do espírito. Este transcende o corpo, mas não se realiza sem ele. O espírito a existir sem corpo tem de operar uma transfiguração: não é mais o espírito humano. A mente nasce contra o corpo, isto é, da necessidade de prevenir o mal (a doença, a carência, a morte, o sofrimento, a incerteza quanto ao futuro, os ataques do inimigo…). O espírito forma-se para dar sentido à união corpo-mente, estabelecendo finalidades para a existência do corpo e da mente, criando a esfera dos valores morais e conceitos intemporais. Em suma, precisamos do nosso corpo. Da mente. Do espírito. O eu engloba estes três níveis: razão, entendimento, intelecto (logos, ratio). Quem pretender retirar desta equação o espírito tem que responder aos três desafios – a), b), c) – formulados, de modo fisicalista (e até ao momento não houve esse eureka!).
A mente é máxima exploração do que o corpo faz no seu interior – registam os neurocientistas. Com a mente-razão – ou, a partir do neo-cortex – nasce: a descoberta do fogo; a família; a casa; a linguagem. Ora, com o espírito nasce: o símbolo (condensado de significado num único objecto); a consciência do tempo; a consciência da morte; a criação de conceitos universais; a criação de valores e finalidades, ou seja, nasce a transcendência.
Esquematicamente, poderíamos elaborar em torno da emergência do corpo com o Pitecus, em que é a emoção e animalidade a predominar; a mente a surgir com o Pitecantropo, onde situamos a origem da razão e a fase de sociedade; finalmente, o espírito com o homo (ou melhor, o homo com o espírito), formação de valores e conceitos, tempo de humanidade. As emoções foram o que trouxemos da animalidade. Damásio mostra que a razão instala-se sobre a emoção: se não há emoção, não há razão. Sem o horizonte da emoção, não há razão. A emoção já escolheu, mas põe a razão a pensar o que é melhor para nós.
Mas como passamos do Pitecus ao Pitecantropo? Eis um mistério (a permanecer).
Não é apenas a cruz de Cristo como símbolo que é impossível de explicar do ponto de vista biologista; é, também, curioso exemplo, a meia-lua desenhada sobre o couro cabeludo com que os tupis surpreenderam Pêro Vaz de Caminha na descoberta do Brasil. Meia-lua, afinal, sobre a cabeça com vista à atracção do espírito do astro – a lua, claro está – no sentido de fertilizar. Símbolo – mistério que não há neurologia que o explique. Mistério – acentua, Miguel Real. Se colocarmos “Deus” no lugar de “mistério” talvez nos sintamos mais confortáveis – e confortáveis estão os fisicalistas ou culturalistas, onde tudo é – exclusivamente – biológico. Apeguemo-nos, pois, à contemplação do mistério.
Como passamos da emoção para a razão? De acordo com a neurobiologia, repetimos, a mente é o máximo da biologia que o corpo comporta. Mas o que queremos afirmar é que a origem da mente/razão encontra-se na antecipação dos acontecimentos, simulação dos acontecimentos, previsão dos aspectos negativos da realidade: o mal. O homem que atira á gazela. Fixemos a imagem. Aqui nasce a razão (Nietzsche). Mão direita e hemisfério esquerdo a funcionar. Antecipa-se a fome, o sofrimento. Foi por prevenir coisas más que a razão nasceu (e pensemos naquele deus da antiguidade clássica que era, simultaneamente, deus da guerra e da inteligência). Para Teixeira Rego, grande intelectual português (nortenho) – com obra importante no início do século passado – o homem nasce quando deixa de ser frugífero – quando deixa de comer fruta – e passa a comer carne.
A razão nasce, então, para suprir o mal: violência, intempérie, carência (calamidades), sofrimento, dor da partida (morte), sofrimento físico. A linguagem nasceu para avisar que um perigo se aproxima (quem, por exemplo, convive com melros, sabe que quando o homem lhes aparece, o melro vai fugir e fazer uma grande “chiadeira” – sua linguagem).
O mal é identificado com o que provoca a emoção (guerra, sofrimento, violência); a razão vai ultrapassar e combater o mal.
Se o corpo é a casa do espírito, a mente estatui-se como intermediário entre ambos. Como intermediária, não possui lugar próprio – por isso, a razão ou mente inclina-se, continuamente, ora para o corpo – obedecendo-lhe -, ora para o espírito, vinculando-se-lhe.
Para Damásio, o que é, afinal, o bem? É, simplesmente, isto: uma sensação geral agradável do cérebro (corpo). Ao invés, para a posição transcendentalista é o espírito que vem para fazer o bem. Será ele que irá encontrar os valores transcendentais. O espírito excede e superioriza o corpo, distingue-se do corpo e da mente pela natureza dos seus próprios resultados: cria um campo de transcendência que elimina os factores constituintes do corpo (o aqui e agora do tempo e espaço), criando conceitos universais, de referentes vazios de imagens (nunca teorizados por Damásio). Cria um campo de valores que tanto esvazia as pulsões do corpo, negativizando-as (greve de fome, solidariedade entre corpos, as emoções transformam-se em valores espirituais), como as espiritualiza, emprestando-lhes um sentido ético.
Miguel Real, o ouvinte atento de Corelli e de Mozart, experiência estética evocada, sabe, afinal, que às neurociências – e aos reducionismos, particularmente – falta esse espectro capaz de nos ler e explicar na emoção que sentimos perante um quadro, uma composição musical, a arte pela arte, a beleza pela beleza. A greve de fome é o inexplicável pelo cérebro tanto quanto é, já se vê, atentado contra o corpo (o suicida, paradigma da inexplicação cerebral): a greve de fome só se entende por solidariedade de valores.

Pedro Seixas Miranda

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

SEMANA DE ESTUDOS TEOLÓGICOS - DA GRAMÁTICA DOS AFECTOS

Principiou a semana de estudos teológicos de 2011, em Braga (15-17/02/11, Auditório Vita) este ano subordinada à temática “Gramática dos afectos”, com uma alocução, pela Professora Isabel Varanda, ao encalço de uma conciliação entre a teoria darwinista da evolução com a perspectiva cosmológica cristã. O escopo de situar o cristianismo face aos desenvolvimentos científicos hodiernos; ler estes à luz da mensagem/pessoa de Cristo, ficou bem patente.
Neste contexto, a teoria do desígnio inteligente, com o postular de toda uma ordem – criacional/criativa – perfeitamente concluída surge-nos como insuficiente explicação. Há possibilidade de compatibilização de Deus com um mundo neo-darwinista. Desde logo, sempre que “não se procure na Bíblia informação de natureza científica”, mas, ao invés, se indague aí “respostas quanto á realidade última”. A teologia não pode permanecer “como se Darwin não tivesse existido”, ignorando, ademais, a forte repercussão/ressonância que obteve/obtém a teorização que produziu. Importa, contudo, por outro prisma, separar as águas da teoria da evolução de Darwin face a ulteriores desenvolvimentos – maxime, Dawkins – que parecem negar qualquer lugar para o amor ou felicidade – humanas – consumidos em favor da (pura) sobrevivência/luta (individual; mesmo se travestida de simpatia ou favor pelo outro).
Importa precisar a insuficiência do desígnio inteligente e o respaldo conceptual fornecido pelos evolucionistas, quanto a uma economia da cosmologia cristã: a criação está/permanece em curso; não menos agora do que no princípio – acção instantânea e simultânea para todas as espécies. “Todo o dia é aurora de criação”, ou, nas palavras de Bergson, “a vida é mais uma tendência cósmica do que uma circularidade completa”. Temos, em síntese, seres perfeitos na sua ordem, mas não uma ordem – criadora – completa (terminada).
Incontornável, o tema do sofrimento não poderia deixar de ser colocado, neste âmbito, também: se o sofrimento é plausível em um mundo em evolução, já “moralmente é intolerável”. Como compaginá-lo, pergunta clássica – o sofrimento, ou, poderíamos dizer, o mal -, com Deus? “A graça de Deus deve ser [a de] deixar ser o mundo ele mesmo”, promovendo-o, através de um “auto-afastamento”. A “autonomia do mundo” apresenta-se como decisiva para a sua relação com Deus. Relação profunda. Não se trata, bem entendido, de qualquer ideia de “abandono” do mundo, por Deus; não estamos perante qualquer apagamento da Sua bondade. Do que se fala é do afastar de qualquer espécie de coerção: a acção divina é “abscondita”, mas não é abdicação. É o estimular da “liberdade de expressão (evolutiva) do cosmos, que se revela na palavra performativa do mundo”. Em suma, Deus convida, mas não constrange; Deus sente o mundo e está perdido de amor pela criatura (o vínculo criador-criatura é apresentado, paradigmaticamente, no Salmo 20); Deus é compassivo no processo evolutivo.
Naquele que numa aproximação pessoal da exposição feita, se nos afigurou como vexata quaestio e ponto mais cintilante do texto apresentado, fomos advertidos da urgência do alargar do sentido da criatividade de Deus. Hoje, ainda nos encontramos perante uma noção “exageradamente antropocêntrica” da cruz: esta tem também significado cosmológico. Quer dizer, a “vulnerabilidade”, a dimensão “indefesa” da divindade – presente na cruz, mas, assim já, com alcance cósmico/criador – impele-nos à contemplação da “humildade de Deus, auto-apagamento”, que está em íntima conexão com o “amor auto-oblativo de Deus” – centro da fé (na paixão e crucificação de Cristo).
“Deus mora na Terra e chora na Terra”. Os séculos senilizaram Deus com conceitos – imutável, impassível, omnipotente, omnisciente – a que, hoje, chamamos “o espartilho dos atributos clássicos” e que precisamos de revisitar para compreendermos que o Deus de Jesus Cristo é “eterno amor”, “mistério de amor sem fim” (logo não terminado. Impassível? Imutável? Como observar melhor tais “propriedades” divinas, á luz da “evolução”?). A religião vive, antecipadamente, uma certeza: o Deus da criação é o Deus da evolução.
Sem questionar do mérito e da absoluta necessidade do caminho empreendido – rumo a uma relação dialógica do cristianismo com as ciências e a teoria da evolução, em particular – não se deixou de perguntar (Prof. João Duque) pela compatibilização dos pobres, dos marginados com tal teoria: como se faz a afirmação destes – os pobres – face à afirmação dos vitoriosos (os mais fortes, os mais adaptados) que a perspectiva de Darwin afirma?
Assumindo a humildade e provocação ínsitas no seu texto (a carecer, ainda, de ulterior maturação), a autora da conferência inaugural destas jornadas afiançou que os pobres não são “os resíduos da evolução”, “os seus danos colaterais”, mas, antes, dela – ainda que, aqui, sem se precisar os mecanismos e o seu modus operandi – “emerge um ser ético”: “a Cruz ensina-nos que os fracos são os fortes”.
Em outro comentário (Prof. Oliveira Fernandes) ao que havia sido postulado, destacou-se que “a evolução não explica nada”: “a evolução só explica se primeiro for explicada” e que “o que humaniza o homem não são os genes (crianças educadas com cães, passado uns tempos estão a imitá-los, a ladrar, etc.), mas a cultura”; a evolução é “criação contínua”. “Deus criou-nos para [continuar] a servir”.

Sob o signo da relação Sentimento/Pensamento, do “sentimento de si” ao (e enquanto) “sentimento do outro”, assim a expressão, também detida e crítica da obra (homónima) de Damásio, da segunda conferência do dia – pelo Professor João Duque - primeiro da semana de estudos teológicos 2011.
A modernidade fundamenta-se – funda-se? - no cogito, na centralidade do sujeito, passando pela (pretensamente linear) diferenciação res cogitans/res extensa formulada por Descartes. Mas depressa se afirma a ilusão do cogito e um mundo sem centro (Nietzsche), sobretudo na pós-modernidade. Há a recuperação da (importância da) identidade e, nela, dos sentimentos (para lá do cogito). Sentimos antes de pensarmos. Para António Damásio, o “si” que existe no “sentimento de si (mesmo) ” é resultado da compreensão corpórea de si”. É, ainda, através dos sentimentos que as emoções iniciam o impacto na mente, “mas só com a consciência – o sentido de si – o sentimento de si emerge”.
Neste ponto, radical observação: para Damásio a “consciência de si” é fundamental para falarmos – para estarmos em presença – de (uma) pessoa. Assim sendo, pergunta-se pelo estatuto dos que perdem a consciência e/ou dos que ainda a não adquiriram.
“O si mesmo precede o sentimento de si” pois vemos o “si mesmo” como corpo no mundo. “Eu sinto-me a mim”. Mas é necessário ler com subtileza: este “mim” é já um outro. Sobre o tema, Husserl “tem páginas bastante mais profundas do que Damásio”. Neste último autor, podemos observar dualismos um tanto redutores: ser e conhecer, ou, noutro exemplo, corpo e cérebro (como se o cérebro não fosse corpo – comentada tal posição, com recurso a excertos da obra, já citada, do neurocientista português).
A “tendência estritamente naturalista” de Damásio apresenta-se como “muito limitada”. Mais ainda: apesar de ter detectado o “erro de Descartes” – na suposta depreciação da emoção – acaba por participar desse mesmo cartesianismo quando não se abre “ao lugar do outro no si mesmo”.
E o outro está no “si mesmo” por meio de uma pletora de momentos e meios – explanação extremamente interessante a que somos convocados. Falemos, por exemplo, nos neurónios-espelho (as experiências científicas que demonstram que pode suceder sentirmos dor…por sentirmos alguém a ter dor); na voz da consciência (consciência em que a presença do outro – e, do ponto de vista cristão, entendemos do Outro – é muito efectiva); na vocação (em que se combina a voz exterior a nós mesmos e o mais íntimo de nós, na expressão de Sto.Agostinho; na vocação, se a resposta é minha, o apelo não é meu); na finitude do tempo, em que a minha identidade depende da promessa do outro; na falta cometida por mim que não pode ser anulada – se apenas dependesse de mim, se eu não saísse de mim nunca sairia deste labirinto (da falta que não poderia ser anulada): o perdão, do outro (a mim), “supera a irreversibilidade do passado”. Veja-se que quando perdoo-o vai, nesse perdão, “dádiva gratuita e excessiva de mim”; observe-se como somos, assim, “justificados pelos outros e pelo (totalmente) Outro”.
Em suma, o “si mesmo” é pura consciência do Outro. Um “si mesmo” que se recebe –
de Outro – exige (um) “si mesmo” que se dá (pensemos na parentalidade). Que se dá ao Outro que no amor em permanência conta com a minha promessa para lhe dar futuro (pensemos no matrimónio). Pensemos, enfim, na forma de amor propriamente cristã, o agapê: modo de ser “si mesmo” cristão: sentir-se a si mesmo como filho gerado no Filho, para gerar vida, dando a vida própria ao irmão e pelo irmão: “o sentimento de si” como se sente aquele que se dá, sendo aquele que se recebe do outro/Outro.
A paixão pelo outro pode ser mais do que desejo do outro: sofrer com o sofrimento do outro (se introduzirmos o sofrimento da paixão). De resto, mesmo pensando no eros e na relação sexual qual tale, aí ainda, a procura do melhor para o outro – nessa dimensão mais estrita – é/deve ser/fazer parte do “si mesmo”. A responsabilidade pelo outro – que significa, desde logo, escuta e resposta imediata ao rosto nu, indigente, que me exige, do outro, como diz Levinas – implica recordar a pergunta “onde está o teu irmão?” e podemos mesmo ir ao ponto de nos oferecermos em substituição do outro. O Outro poderá, em síntese, ser critério – a compaixão elemento-chave – de verificabilidade do caminho de nós mesmos a nós mesmos que passa…pelo outro/Outro.


Pedro Seixas Miranda

domingo, 13 de fevereiro de 2011

LABIRINTO DE IDEIAS

LABIRINTO DE IDEIAS

Sou
um produto
inacabado que
vagueia no labirinto
das ideias
à velocidade da luz
no Cosmos.

Um perturbador
de mentes
que se alimentam de
ambientes
perturbados.


António Fortuna

Reportagem sobre Orlando Ribeiro

Amanhã, pelas 21horas, na RTP2, uma Reportagem sobre Orlando Ribeiro, a não perder.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Visita de Estudo a Três Minas e à Anta da Fonte Coberta

Nos dias 1 e 2 de Fevereiro, os alunos das turmas do 7.º ano participaram na visita de estudo ao Complexo Mineiro Romano de Tresminas (concelho de Vila Pouca de Aguiar) e à Anta da Fonte Coberta, na Chã (concelho de Alijó), dinamizada pelos professores de História - Hugo Bento e Ângelo Ledo - com a colaboração das professoras de Geografia - Lurdes Eirô, Ana Cardoso, Isabel Machado e Elisa Fernandes – das professoras de Ciências Naturais – Ana Rocha e Maria José Alfaiate – e ainda do professor de EMRC, Paulo Santos. Esta actividade tinha uma enorme importância para o conhecimento dos alunos, pois enquadrava temas das várias disciplinas envolvidas como «A Romanização da Península Ibérica», «Os Minérios», «O Relevo» e as «Crenças Religiosas».
Em dias repletos de Sol, os alunos puderam contemplar paisagens fantásticas, descobrir minérios como o quartzo, e um dos melhores monumentos megalíticos do País, considerado Monumento Nacional desde 1910. Mas a surpresa estava reservada à visita às galerias do complexo mineiro romano, que data dos séculos I e II d.C.. Tal qual mineiros, munidos de capacetes e iluminação, os alunos prospectaram o interior das minas e contactaram com morcegos em hibernação. E para melhor compreenderem toda a estrutura mineira, foi ainda visitado o Centro Interpretativo de Tresminas, na aldeia de Tresminas.
Centro Interpretativo de Tresminas.


Anta da Fonte Coberta.


Texto e imagem: Hugo Bento

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Sob o signo da liberdade

Uma semana sob o signo da liberdade. Começou, no pequeno auditório do Teatro de Vila Real, na noite da última segunda-feira (31/01/11), na evocação da revolução polaca, de 1980-81, com o segundo de dois filmes de Andrezj Wajda, O Homem de Ferro – que se seguiu a O Homem de Mármore – e que marca, com distinção, a dimensão cinematográfica do ciclo Outono Polaco, organizado pelo Grupo de Estudos Alemães, da UTAD (sob a direcção do professor Michael Laub). Os dois filmes, absolutamente notáveis, relatam as circunstâncias históricas em que ocorreu tal revolução, mas, para lá, ou mais do que isso, iluminam, uma vez mais, esse grito irreprimível pela liberdade que ressoa em cada homem. Das Antígonas que sempre permanecem – os líderes dos movimentos de ruptura que não calam já a insatisfação pelo calcar, incessante, de direitos fundamentais e que nesse erguer de voz (se) arriscam (tudo) – a essas figuras desafiantes dos nossos juízos e que se fixam numa híbrida zona cinzenta (de que, com tanta propriedade, falou Primo Levi) e que, no caso específico, é representado por um repórter da tv, controlada pelo partido, que cobre os acontecimentos – a greve nos estaleiros - percebe a iniquidade (do tratamento dado às greves e aos grevistas), mas que hesita em dar o passo para o lado oposto, balança, simpatiza com os sindicatos, mas não se determina totalmente em se afastar do regime, dessas personagens, paradoxalmente arquetípicas e concretas, nos dão estes dois filmes de Wajda um vívido e pungente testemunho. Escreve Tony Judt, em Pós-Guerra, História da Europa desde 1945 (pág.666): “Em retrospectiva, depois de 1989, a ascensão do Solidariedade surge como o tiro de partida na luta final contra o comunismo. Mas a revolução polaca de 1980-81 percebe-se melhor como o último de um crescendo de protestos dos trabalhadores que começaram em 1970 e eram dirigidos contra a incompetente e repressiva administração da Economia pelo Partido. Incompetência cínica, carreirismo e vidas desperdiçadas; aumento de preços, greves de protesto e repressão; a emergência espontânea de sindicatos locais e a participação activa dos intelectuais dissidentes; a simpatia e o apoio da Igreja Católica: esses eram aspectos familiares no renascimento de uma sociedade civil, comoventemente retratados por Andrezj Wajda em Homem de Mármore e Homem de Ferro, o seu relato cinematográfico didáctico das ilusões traídas e renascidas esperanças da Polónia comunista”. Por sua vez, Eric Hobsbawn, em A era dos extremos (pág.494) assinala: “E mesmo onde, como na Polónia, a rejeição do regime existente se tornou total, todos, com excepção dos mais jovens, conheciam o suficiente da história do seu país após 1945 para captar os tons cinza além do preto-e-branco da propaganda. É isso que dá uma dimensão trágica aos filmes de Wajda”. Judt e Hobsbawn são dois dos grandes historiadores do séc. XX. As suas obras, multipremiadas, tornaram-se clássicos. Raros são os cineastas que merecem figurar em duas antologias sobre o século passado. Pois foi à obra de um desses cineastas que tivemos a rara oportunidade de aceder, em Vila Real, na última quinzena. Um singular momento cinemateca, entre nós.
Da Polónia para o Egipto. Por dois motivos essenciais: porque muitos viram no efeito dominó que parece gerar-se no mundo árabe, em favor de mudanças de regime, uma clara semelhança com o desmantelamento do mundo comunista (embora como tenha assinalado Freitas do Amaral, na Visão (03/02/11), já, antes, o Sul da Europa - Portugal, Espanha e Grécia - havia mudado de regime político, em cadeia); em segundo lugar, e especificamente, porque a resolução política que, pretensamente, agradaria à Irmandade Muçulmana, no Egipto, poderia passar, precisamente, por um pacto em mesa-redonda, envolvendo o regime e a oposição, emulando o que se passou na Polónia no inicio da década de 1980.
O caso egípcio, da natureza do regime e da sua confrontação com a natureza e a condição humanas, é, ainda, particularmente interessante de analisar sob o prisma lançado por Ross Douthat esta semana, no New York Times: não fora o regime tão opressivo, não fossem as cadeias egípcias o que eram e talvez o World Trade Center ainda estivesse de pé. Expliquemos, citando esse livro fundamental - para quem não queira os simplismos redutores acerca do fundamentalismo islâmico - que é A Torre do Desassossego, de Lawrence Wright, Prémio Pulitzer 2007: “há uma linha de raciocínio que defende que a tragédia que se viveu nos EUA, a 11 de Setembro, teve origem nestas prisões [egípcias]. Defensores dos direitos humanos no Egipto advogam que a tortura gerou uma fome de vingança (…) O principal alvo do ódio dos prisioneiros era o governo laico do Egipto; no entanto, havia igualmente uma forte corrente de ódio em relação ao Ocidente, que aqueles homens entendiam ser uma força motriz por detrás do regime repressivo. De facto, o tema da humilhação, que é o objectivo da tortura é importante para se compreender a raiva dos radicais islâmicos. As prisões do Egipto passaram a ser a linha de produção donde saíram militantes, cuja necessidade de retaliação – justiça, como lhe chamavam – os devorava inteiramente”( pág.63). Elemento-chave da Al Qaeda, Al Zawahiri foi um dos homens que passou pelas prisões egípcias e o seu principal biógrafo regista mesmo que foi esta passagem pelo cárcere que o fez passar de um moderado da jihad para um extremista violento e implacável.
Sabemos que as alegrias com a luta pela liberdade e, eventualmente, democracia no mundo árabe – sim, a liberdade é aspiração universal humana e não exclui nacionalidades, povos, civilizações - têm que ser calibradas com a percepção da precaridade das vitórias alcançadas e pelo condicional do futuro por nascer (logo, em aberto). Prudência, mas alegria. Até porque no Libération (02/02/11), Bernard Guetta aponta quatro novos elementos de desenvolvimento nos processos de mudança política em curso nos Estados islâmicos. Primeiro: despertar do Islão associado à ampliação daquilo a que chama os valores universais da democracia; segundo, o peso adquirido por uma juventude numerosa, descontente e impaciente, que recebe da Internet o impacto cultural da globalização; terceiro, a grande importância da actual Turquia, permitindo mostrar que islamismo, laicidade e desenvolvimento económico não são inconciliáveis/incompatíveis; quarto, sugere a implantação inevitável de um novo «xadrez democrático» que vai de uma esquerda activa e moderna a partidos religiosos conservadores mas capazes de superarem os sinais bestiais do islamismo (na síntese de Rui Bebiano, no blog A Terceira Noite). Tempos interessantes estes também em que, como justamente sublinhava Timothy Garton Ash, no El Pais (31/01/11), o modelo de capitalismo combinado com democracia liberal não se impôs uniformemente no mundo, como se pensava aí pelos tempos em que a Polónia comunista caía (e capitalismo e mão férrea do Estado, como acontece na China ou na Rússia, parece ser cocktail que fascina uns quantos e faz temer o perigar do modelo democrático tal qual o concebemos); por outro lado, surpreendentemente, temos um mundo árabe em que de repente os regimes desabam, nuns casos, abanam, em outros, e a sedução do ideal democrático revigora.
E do Egipto para Portugal: o reparo da semana não pode deixar de assinalar aquele que num instante se tornou – já é um cliché dizê-lo – um hino de uma geração. Apesar dos inúmeros artigos da imprensa e dos posts em blogs, dos vídeos no youtube, se ainda não ouviu “Parva que sou”, dos Deolinda, tem aí uma expressão a um tempo simples/directa/precisa do que a geração que saiu das universidades, digamos, na última década, pensam e sentem. Três minutos intensos.

Boa Semana

Pedro Seixas Miranda

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Entrevista a Rui Silva, árbitro de futebol

No dia 31 de Janeiro, a Mediateca realizou a actividade prevista para este mês, a entrevista ao árbitro de Futebol da 1ª liga, Rui Silva, ex-aluno desta escola, licenciado em Economia, actualmente a desempenhar a função de professor. Estiveram presentes 30 pessoas da comunidade, predominantemente formandos dos cursos EFA e professores.
Inicialmente, José Costa, o entrevistador, apresentou Rui Silva e divulgou os aspectos mais relevantes da sua carreira de árbitro.
Seguiu o guião da entrevista composto por 1 dezena de perguntas, a que o entrevistado respondeu criando com o público uma relação de empatia que é obrigatório realçar.
Findo este período, formandos e professores colocaram, uma a seguir a outra, várias perguntas ao entrevistado que sustentou uma comunicação participada, explicitando as situações a que os presentes aludiam.
Desta entrevista resultou uma clara demonstração da necessidade de formar para a cidadania, da importância da vontade e do trabalho no percurso de um profissional, e no caso, também de um árbitro que queira firmar a sua carreira com dignidade.

CURSO EFA C8, CLC

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Diário do 7º A - O Amor na Literatura

“O Amor na Literatura”: Sessão dinamizada pelo Prof. Dr. José Reis da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, na Sexta-feira, 14 de Janeiro de 2011, na Escola Secundária Camilo Castelo Branco.

Querido Diário:
Hoje, a nossa turma teve uma visita, o Prof. Dr. José Reis, professor de Literatura Comparada, na UTAD. O Professor José Reis é pai do nosso colega José Maria dos Reis, e falou-nos sobre os seguintes pontos:
· Amor passional:
poesia e amor:
Poetas populares (leitura de algumas quadras populares);
Lírica de Luís de Camões;
Manifestação dos sentimentos;
Amor platónico;
- texto dramático :
Romeu e Julieta, de William Shakespeare;
- texto narrativo:
Tristão e Isolda;

· O Andrógino:

O tema do amor é muito abordado por poetas e escritores. Mas, apesar de tudo, quase ninguém o compreende. Neste sentido, falámos sobre o texto “O Banquete de Platão” (século V a. C., há 25 mil anos). A esse Banquete iam os filósofos e míticos que discutiam o amor, o amor platónico, isto é, espiritual. Aristófanes deu uma explicação mítico-filosófica sobre a origem do amor. Ele defendia que, no princípio, existiam três géneros: o masculino, o feminino e o andrógino. O género masculino era descendente do Sol, o feminino, da Terra (porque, tal como a mulher, a Terra é fértil), o andrógino, que era um género distinto e comum ao masculino e ao feminino, era, por isso, descendente do Sol (masculino), da Terra (feminino) e o que tinha de ambos era da Lua. Barriga e flancos em forma de bola, quatro braços, quatro pernas, uma cabeça e dois rostos, em suma tudo dobrado – esta era a sua constituição (nesta altura, o professor pediu-nos para o desenharmos, com base na descrição).
Certo dia, eles desafiaram os deuses… e perderam. Como castigo, Zeus (o pai dos deuses na mitologia grega) decidiu separá-los em dois seres diversos (o andrógino extinguiu-se). Mas ao separá-los ficavam seres muito estranhos, por isso teve de os aparar.
Conclusão: cada vez que um homem se aproxima da mulher e/ou vice-versa procura reconstituir esse ser original, o andrógino. Para nos ajudar a compreender melhor, vimos o vídeo “El mito del Andrógino” (Discurso de Aristófanes).

Depois, ouvimos a declamação da Cantiga de Camões “Descalça vai para a fonte, Leanor pela verdura”. Enquanto o professor lia, mais uma vez, tivemos de a desenhar. A seguir apresentou-nos uma adaptação do poema, mas mais moderno: “Poema da Auto-estrada”, de António Gedeão (1906-1997).
Por fim, falámos sobre “Romeu e Julieta”, mas era tarde de mais, pois estava quase a tocar e só tivemos tempo de ouvir a música dos Dire Straits – “Romeo and Juliet”.
Gostámos muito da sessão e ficámos muito agradecidos pela presença do pai do Zé.

P. S. – Foi-nos sugerido que víssemos o filme “Romeu e Julieta” e, em princípio, a sugestão foi aceite!

Com amor e carinho,
Até à próxima,
7ºA!