“A pobreza é a pior forma de violência” afirmou
Mahatma Gandhi sobre esta causa generalizada de sofrimento e de privação. Hoje
em dia, os governos do mundo inteiro tomam medidas e a pobreza não cessa de diminuir,
o declínio mais rápido é observado na Índia, no Camboja e no Bangladesh.
Contudo, os nossos esforços não são suficientemente
ambiciosos.
Ao ritmo atual de redução da pobreza, não atingiremos
o nosso objetivo comum de fazermos com que menos de 3% da população mundial
viva em pobreza extrema até 2030. Em vez disso, prevê-se que o valor se
aproxime mais dos 6%, o que representa cerca de 420 milhões de pessoas. Além disso,
a pobreza afeta de forma desproporcional a África Subsaariana e a Ásia do Sul,
onde 84,5% da população vive em situação de privação.
Para compreendermos o fenómeno da pobreza e
podermos combatê-la, não basta estudarmos a desigualdade na repartição da
riqueza, pois não passa de um elemento entre tantos outros no seio de uma
realidade complexa. De acordo com o índice mundial de pobreza multidimensional
de 2019, 1,3 bilião de pessoas vivem em situação de “pobreza multidimensional”,
o que significa que sofrem múltiplas desvantagens nos domínios da educação, da
saúde, da qualidade do trabalho, das experiências culturais, da violência e do
bem-estar geral. Metade destas pessoas são crianças com menos de 18 anos, e um terço
com menos de 10.
Portanto, temos de ir mais longe e examinar os
fatores culturais, ambientais, sociais, espaciais e políticos que são,
simultaneamente, uma causa fundamental e um meio de propagação da pobreza.
Este é um elemento essencial do trabalho da UNESCO,
principalmente centrado nas raparigas e nas mulheres. A UNESCO utiliza a educação
como alavanca pois por cada ano que uma rapariga passa na escola, os seus rendimentos
futuros aumentam entre 10 a 20%. Por sua vez, mães instruídas tornarão a escola
numa prioridade para as suas filhas. Nesta perspetiva, a nova iniciativa da
UNESCO “O futuro da educação” visa transformar a educação para lutar contra a
fragmentação e a desigualdade social.
Neste dia, inspiremo-nos em Nelson Mandela que
declarou: “Enquanto existir pobreza, injustiça e desigualdades flagrantes no nosso
mundo, nenhum de nós poderá descansar verdadeiramente”. A UNESCO, por sua
parte, não descansará.
Audrey Azoulay
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