Mensagem de Audrey Azoulay,
Diretora-Geral da UNESCO,
por ocasião do Dia Mundial dos
Oceanos
A inovação
para um oceano sustentável
8 de junho de 2020
Todos os anos, entre o final de
maio e o princípio de junho, a UNESCO celebra três dias internacionais
importantes que representam uma oportunidade para refletirmos juntos sobre os
três pilares sistémicos das alterações climáticas: a biodiversidade, o ambiente
e os oceanos.
Este terceiro dia chama a atenção
para uma questão fundamental: os oceanos. Estes ocupam a maior parte da
superfície da Terra - 70% - a ponto de dar ao nosso planeta a sua cor
inconfundível. Como tal, eles são barómetros eloquentes da sua saúde:
observá-los é ver em que situação nos encontramos.
No que respeita ao clima, o aquecimento
e a acidificação dos oceanos têm consequências nefastas para a vida marinha e
para a terra firme: trata-se, obviamente, do aumento do nível da água que constitui
um perigo para as populações que vivem ao longo das costas e nos Estados
insulares; trata-se também de um risco que, por ser sistémico, é ainda mais
preocupante e se tornará numa realidade se os oceanos deixarem de ser capazes
de desempenhar a função reguladora do clima que há muito desempenham.
No que respeita à biodiversidade,
o diagnóstico é, uma vez mais, alarmante. Onde a vida criou raízes, onde se
diversificou e ramificou, e onde permanece em grande medida desconhecida, está
profundamente ameaçada.
Conhecemos muito bem estas crises
interligadas e interrelacionadas, graças, nomeadamente, ao trabalho da Comissão
Oceanográfica Intergovernamental da UNESCO, que celebra este ano o seu 60º
aniversário; conhecemos também onde devemos atuar; mas temos ainda de avaliar a
situação e mobilizarmo-nos amplamente para gerirmos o inevitável e prevenirmos
o irremediável.
A COVID-19 oferece-nos esta
oportunidade de nos reunirmos e criarmos programas de ação ambiciosos. Isto é
verdade para o clima; é verdade para a biodiversidade; é também verdade para os
oceanos. Como o Enviado Especial do Secretário-Geral da Nações Unidas para os
Oceanos, Peter Thomson, explicou há alguns dias: «Se tivéssemos que aproveitar
uma maré nos assuntos humanos seria, sem dúvida, esta».
Ao entrarmos na Década das Nações
Unidas das Ciências Oceânicas para o Desenvolvimento Sustentável, é de facto
nossa responsabilidade aproveitar este momento.
Aproveitemos, desde logo, este
momento para aprendermos mais sobre estas profundezas que, muitas vezes,
permanecem em grande parte desconhecidas para nós, e que ainda encerram muitos
segredos que nos cabe desvendar.
Aproveitemos, ainda, este momento
para dar largas à imaginação e à inovação: precisamos delas para enfrentar esta
situação preocupante. Por esse motivo fizemos delas o tema das celebrações
deste Dia Mundial.
Aproveitemos, por fim, este
momento para fazer soar o alarme, talvez mais amplamente do que temos feito até
agora, pois nenhuma solução técnica pode substituir uma consciência
generalizada e pessoal das ameaças que pesam sobre os oceanos, os seus mistérios
e a sua beleza.
"Necessito do mar porque me
ensina", escreveu o poeta chileno Pablo Neruda, para quem o Oceano
Pacífico era tão querido. Neste Dia Mundial, convido-vos a deixarem-se ensinar
pelo oceano, a aprenderem com ele e a agirem por ele.
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