As Novas Oportunidades, e os Cursos de Educação e Formação de Adultos (EFA), vieram para ficar. Os números aí estão para o comprovar: “quase 900.000 portugueses inscreveram-se no Programa Novas Oportunidades desde 2006, estando a registar-se uma média de 20.000 novas inscrições por mês, segundo dados hoje divulgados” (Público, 10.07.2009), o que não evita que a polémica em torno da validade destes cursos esteja instalada na sociedade portuguesa.
Um dos pilares da Iniciativa Novas Oportunidades visa possibilitar “a todos aqueles que entraram na vida activa com baixos níveis de escolaridade, uma Nova Oportunidade para poderem recuperar, completar e progredir nos seus estudos. Não seria possível, por razões de justiça e de coesão social, abdicar do esforço da sua qualificação. Mas a verdade é que este esforço é também condição essencial para o nosso processo de desenvolvimento.” (www.novasoportunidades.gov.pt/)
Mas, o antigo ministro das Finanças, Medina Carreira, entende que “o Programa Novas Oportunidades é uma «trafulhice» e uma «aldrabice» … os alunos que participam no programa Novas Oportunidades fazem um «papel», entregam ao professor e vão-se embora…E ao fim do ano, entregam-lhe um papel a dizer que têm o nono ano. Isto é tudo uma mentira.” (TSF, Notícias, 9.12.2009)
Afinal, quem tem razão?
E se ouvíssemos quem está no sistema? Incorporar nas nossas actuais percepções as experiências que por eles são vividas e sentidas, poderá ser um contributo importante para que cada um de nós construa uma opinião fundamentada.
Fomos então ouvir dez dos nossos alunos, alunos que frequentam os Cursos EFA em regime nocturno, na Escola Secundária Camilo Castelo Branco. Com idades diferentes, com percursos de vida diferentes, com motivações diferentes, uns preparam-se para concluir o 9º ano, outros o 12º ano. Em tempos também eles diferentes: ano e meio, um ano, quatro a cinco meses, consoante o nível de escolaridade anterior.
A ideia de voltar à escola para completar o Ensino Básico ou o Ensino Secundário foi, para todos eles, a razão primeira para se inscreverem nos EFA:
“Era importante para mim acabar o 9º ano. Já tive dificuldades em arranjar emprego porque pediam o 9º ano.” – Trabalhador Agrícola 26 anos.
“Queria, principalmente, acabar o Secundário. É uma carta que temos que jogar para o nosso futuro, porque hoje já mesmo com a Universidade é o que se vê…” - Desempregada, 23 anos.
“Vim para acabar o secundário. Frequentei o ensino diurno na Régua, mas fiquei com disciplinas de 12º ano atrasadas, Matemática e Química…” - Operadora de Caixa, 19 anos,
O curso permite-lhes esperar mais do futuro, a nível profissional, seja para (re)entrarem no mercado de trabalho, seja para conseguirem um emprego que consideram melhor, seja, mesmo e tão só, para se tornarem profissionais mais eficientes no actual emprego.
“É mais fácil arranjar trabalho. Antigamente quem não tivesse a 4ª classe não conseguia um trabalho, o 12º ano agora funciona um bocado da mesma maneira. Para uma pessoa que não tenha o secundário completo é muito complicado.” - Desempregado 24 anos.
“Gostaria de arranjar outro tipo de emprego onde não me sujasse tanto, onde não apanhasse tanto sol.” - David, 26 anos, trabalhador agrícola.
“ Não me faz diferença para a minha progressão no emprego. Mas agora, com o que aprendi aqui, faço o meu trabalho com mais à vontade, com mais eficácia, melhor. Agora entendo as coisas de outra maneira.” - Funcionária Pública, 57 anos.
A frequência do curso, reconhecem, tem contribuído para o seu enriquecimento pessoal, sabem hoje mais do que sabiam:
“Muito do que tratamos aqui já eu sabia, aprofundo esses conhecimentos, outras coisas relembro, mas também aprendo algumas coisas novas. O saber não ocupa espaço e os EFA enriquecem o nosso saber.” - Empresária 35 anos.
“Aprendo muita coisa com os trabalhos de pesquisa e é importante aprender coisas novas, depois já pensamos de forma diferente. Quando era novo chumbei no 8ºano e depois comecei a trabalhar, ainda não tinha 18 anos. Comecei a ganhar dinheiro e depois, naquela idade, já não pensei mais em estudar. Não se pensa quando se é mais novo e depois, mais tarde, torcem-se as orelhas.” - Funcionário Público, 44 anos.
Por serem alunos dos EFA melhoraram os seus conhecimentos informáticos, o que é, admitem, imprescindível nos dias de hoje:
“Apesar de ter já feito cursos de computadores, estou a aprender mais, hoje funciono melhor com os computadores, com a internet. Para mim é importante porque na minha empresa tenho que trabalhar na área da gestão comercial, tudo através de computadores e programas informáticos.” - Empresária 35 anos.
“Gosto sobretudo dos computadores, eu não sabia nada, nadinha... E hoje todos temos que saber alguma coisa de computadores, toda a gente sabe mexer com os computadores, até os miúdos. Agora já sei ir à Internet.” – Desempregada, 37 anos.
Se são hoje cidadãos mais informados devem-no ao curso, afirmam, o que se reflecte na adopção de novas práticas, em prol não só do seu desenvolvimento pessoal, mas também do da sociedade, sobretudo as que se relacionam com a sua consciência ambiental:
“Foi o curso que me abriu os olhos para coisas que antes nunca tinha feito: ir ao teatro, às sessões da Assembleia Municipal… Hoje gasto menos água a tomar banho, na rua deito os papéis nos caixotes do lixo, separo o lixo: pôr o vidro no vidrão e o papel no papelão.” - Trabalhador Agrícola, 26 anos.
“O que aprendi aqui fez com que começasse a ter mais preocupações. Faço mais exercício físico, tenho mais cuidado com a alimentação, e isto tem a ver com os trabalhos., com o que aprendi aqui...”- Desempregado, 19 anos.
“Por causa disso, dos trabalhos, modifiquei algumas coisas na minha vida. Na poupança energética: desligar a televisão, não a deixar em stand-by, tirar o carregador do telemóvel da ficha, que antes deixava sempre ligado, nem fazia ideia que isso gastava energia.” - Trabalhador Sazonal em Restauração 26 anos.
O curso EFA é uma oportunidade única para muitos, porque lhes permite conciliar a escola com a vida profissional e familiar:
“Se não houvesse este sistema, não pensaria em voltar a estudar. Há uns anos ainda fui estudar à noite, mas desisti. Não era possível conciliar com a vida profissional, no meu trabalho estou sempre muito ocupado, se não for isto é aquilo. Não dava tempo para estudar “ - Funcionário Público, 44 anos.
“Era muito difícil noutro sistema conseguir tudo: casa, empresa… É um sistema diferente, não há testes, mas temos que ter responsabilidade, fazer os trabalhos nas aulas, para não acumular com o trabalho na empresa e em casa.” - Empresária 35 anos.
A forma como as aulas se estruturam e as boas relações com os professores e com os colegas são factores determinantes para continuarem o curso, com gosto e entusiasmo:
“Pensei que fosse uma coisa completamente diferente. É muito mais enriquecedor, temos palestras, vemos filmes e apreendemos coisas mais objectivas. Como somos avaliados pelos trabalhos, não temos testes, aprendemos não só para fazer as “fichas”, mas também tiramos ilações para a nossa vida do dia-a-dia.” – Desempregado, 24 anos.
“Gosto dos trabalhos e dos assuntos que estudo e gosto dos professores, o que é importante. Se calhar, se tivesse tido professores assim interessados de dia… também agora a minha idade é diferente. Gosto das aulas, dos colegas, dos professores, estão sempre disponíveis para qualquer coisa.” - Trabalhador Sazonal em Restauração, 26 anos.
Frequentar este curso fez nascer ou crescer nos alunos a ideia de continuar a estudar, de ir para o Secundário ou para a Universidade.
“Vou continuar a redescobrir coisas. Vou para o Secundário, enriquecer os conhecimentos. E aconselho a toda a gente.” - Funcionária Pública, 57 anos.
“Não quero ficar por aqui. Gostava de seguir Engenharia Informática, era já uma ideia anterior, mas este curso ajudou-me a consolidar esta ideia. Quanto mais trabalho com os computadores, mais me entusiasmo e mais quero saber.” - Desempregado, 19 anos.
“Tenho intenção de ir para a Universidade. Inscrevi-me nos “maiores de 23” vou fazer as provas ainda este ano. Mesmo que entre vou acabar o Secundário, porque se não conseguir acabar a Universidade e se também não acabar este curso, quando pedir um certificado só fico com o 9º ano.” - Trabalhador Sazonal em Restauração, 26 anos.
Se, em alguma medida, se revê no que foi dito pelos nossos alunos, a Escola Secundária Camilo Castelo Branco oferece-lhe a oportunidade de frequentar os cursos EFA (regime nocturno) e de poder completar o 9º ano ou o 12º ano de escolaridade.
Venha ter connosco, ajudá-lo-emos a esclarecer as suas dúvidas, quer pessoalmente, quer por correio electrónico. Neste último caso, não hesite em escrever-nos para liceunovasoportunidades@gmail.com.
Um dos pilares da Iniciativa Novas Oportunidades visa possibilitar “a todos aqueles que entraram na vida activa com baixos níveis de escolaridade, uma Nova Oportunidade para poderem recuperar, completar e progredir nos seus estudos. Não seria possível, por razões de justiça e de coesão social, abdicar do esforço da sua qualificação. Mas a verdade é que este esforço é também condição essencial para o nosso processo de desenvolvimento.” (www.novasoportunidades.gov.pt/)
Mas, o antigo ministro das Finanças, Medina Carreira, entende que “o Programa Novas Oportunidades é uma «trafulhice» e uma «aldrabice» … os alunos que participam no programa Novas Oportunidades fazem um «papel», entregam ao professor e vão-se embora…E ao fim do ano, entregam-lhe um papel a dizer que têm o nono ano. Isto é tudo uma mentira.” (TSF, Notícias, 9.12.2009)
Afinal, quem tem razão?
E se ouvíssemos quem está no sistema? Incorporar nas nossas actuais percepções as experiências que por eles são vividas e sentidas, poderá ser um contributo importante para que cada um de nós construa uma opinião fundamentada.
Fomos então ouvir dez dos nossos alunos, alunos que frequentam os Cursos EFA em regime nocturno, na Escola Secundária Camilo Castelo Branco. Com idades diferentes, com percursos de vida diferentes, com motivações diferentes, uns preparam-se para concluir o 9º ano, outros o 12º ano. Em tempos também eles diferentes: ano e meio, um ano, quatro a cinco meses, consoante o nível de escolaridade anterior.
A ideia de voltar à escola para completar o Ensino Básico ou o Ensino Secundário foi, para todos eles, a razão primeira para se inscreverem nos EFA:
“Era importante para mim acabar o 9º ano. Já tive dificuldades em arranjar emprego porque pediam o 9º ano.” – Trabalhador Agrícola 26 anos.
“Queria, principalmente, acabar o Secundário. É uma carta que temos que jogar para o nosso futuro, porque hoje já mesmo com a Universidade é o que se vê…” - Desempregada, 23 anos.
“Vim para acabar o secundário. Frequentei o ensino diurno na Régua, mas fiquei com disciplinas de 12º ano atrasadas, Matemática e Química…” - Operadora de Caixa, 19 anos,
O curso permite-lhes esperar mais do futuro, a nível profissional, seja para (re)entrarem no mercado de trabalho, seja para conseguirem um emprego que consideram melhor, seja, mesmo e tão só, para se tornarem profissionais mais eficientes no actual emprego.
“É mais fácil arranjar trabalho. Antigamente quem não tivesse a 4ª classe não conseguia um trabalho, o 12º ano agora funciona um bocado da mesma maneira. Para uma pessoa que não tenha o secundário completo é muito complicado.” - Desempregado 24 anos.
“Gostaria de arranjar outro tipo de emprego onde não me sujasse tanto, onde não apanhasse tanto sol.” - David, 26 anos, trabalhador agrícola.
“ Não me faz diferença para a minha progressão no emprego. Mas agora, com o que aprendi aqui, faço o meu trabalho com mais à vontade, com mais eficácia, melhor. Agora entendo as coisas de outra maneira.” - Funcionária Pública, 57 anos.
A frequência do curso, reconhecem, tem contribuído para o seu enriquecimento pessoal, sabem hoje mais do que sabiam:
“Muito do que tratamos aqui já eu sabia, aprofundo esses conhecimentos, outras coisas relembro, mas também aprendo algumas coisas novas. O saber não ocupa espaço e os EFA enriquecem o nosso saber.” - Empresária 35 anos.
“Aprendo muita coisa com os trabalhos de pesquisa e é importante aprender coisas novas, depois já pensamos de forma diferente. Quando era novo chumbei no 8ºano e depois comecei a trabalhar, ainda não tinha 18 anos. Comecei a ganhar dinheiro e depois, naquela idade, já não pensei mais em estudar. Não se pensa quando se é mais novo e depois, mais tarde, torcem-se as orelhas.” - Funcionário Público, 44 anos.
Por serem alunos dos EFA melhoraram os seus conhecimentos informáticos, o que é, admitem, imprescindível nos dias de hoje:
“Apesar de ter já feito cursos de computadores, estou a aprender mais, hoje funciono melhor com os computadores, com a internet. Para mim é importante porque na minha empresa tenho que trabalhar na área da gestão comercial, tudo através de computadores e programas informáticos.” - Empresária 35 anos.
“Gosto sobretudo dos computadores, eu não sabia nada, nadinha... E hoje todos temos que saber alguma coisa de computadores, toda a gente sabe mexer com os computadores, até os miúdos. Agora já sei ir à Internet.” – Desempregada, 37 anos.
Se são hoje cidadãos mais informados devem-no ao curso, afirmam, o que se reflecte na adopção de novas práticas, em prol não só do seu desenvolvimento pessoal, mas também do da sociedade, sobretudo as que se relacionam com a sua consciência ambiental:
“Foi o curso que me abriu os olhos para coisas que antes nunca tinha feito: ir ao teatro, às sessões da Assembleia Municipal… Hoje gasto menos água a tomar banho, na rua deito os papéis nos caixotes do lixo, separo o lixo: pôr o vidro no vidrão e o papel no papelão.” - Trabalhador Agrícola, 26 anos.
“O que aprendi aqui fez com que começasse a ter mais preocupações. Faço mais exercício físico, tenho mais cuidado com a alimentação, e isto tem a ver com os trabalhos., com o que aprendi aqui...”- Desempregado, 19 anos.
“Por causa disso, dos trabalhos, modifiquei algumas coisas na minha vida. Na poupança energética: desligar a televisão, não a deixar em stand-by, tirar o carregador do telemóvel da ficha, que antes deixava sempre ligado, nem fazia ideia que isso gastava energia.” - Trabalhador Sazonal em Restauração 26 anos.
O curso EFA é uma oportunidade única para muitos, porque lhes permite conciliar a escola com a vida profissional e familiar:
“Se não houvesse este sistema, não pensaria em voltar a estudar. Há uns anos ainda fui estudar à noite, mas desisti. Não era possível conciliar com a vida profissional, no meu trabalho estou sempre muito ocupado, se não for isto é aquilo. Não dava tempo para estudar “ - Funcionário Público, 44 anos.
“Era muito difícil noutro sistema conseguir tudo: casa, empresa… É um sistema diferente, não há testes, mas temos que ter responsabilidade, fazer os trabalhos nas aulas, para não acumular com o trabalho na empresa e em casa.” - Empresária 35 anos.
A forma como as aulas se estruturam e as boas relações com os professores e com os colegas são factores determinantes para continuarem o curso, com gosto e entusiasmo:
“Pensei que fosse uma coisa completamente diferente. É muito mais enriquecedor, temos palestras, vemos filmes e apreendemos coisas mais objectivas. Como somos avaliados pelos trabalhos, não temos testes, aprendemos não só para fazer as “fichas”, mas também tiramos ilações para a nossa vida do dia-a-dia.” – Desempregado, 24 anos.
“Gosto dos trabalhos e dos assuntos que estudo e gosto dos professores, o que é importante. Se calhar, se tivesse tido professores assim interessados de dia… também agora a minha idade é diferente. Gosto das aulas, dos colegas, dos professores, estão sempre disponíveis para qualquer coisa.” - Trabalhador Sazonal em Restauração, 26 anos.
Frequentar este curso fez nascer ou crescer nos alunos a ideia de continuar a estudar, de ir para o Secundário ou para a Universidade.
“Vou continuar a redescobrir coisas. Vou para o Secundário, enriquecer os conhecimentos. E aconselho a toda a gente.” - Funcionária Pública, 57 anos.
“Não quero ficar por aqui. Gostava de seguir Engenharia Informática, era já uma ideia anterior, mas este curso ajudou-me a consolidar esta ideia. Quanto mais trabalho com os computadores, mais me entusiasmo e mais quero saber.” - Desempregado, 19 anos.
“Tenho intenção de ir para a Universidade. Inscrevi-me nos “maiores de 23” vou fazer as provas ainda este ano. Mesmo que entre vou acabar o Secundário, porque se não conseguir acabar a Universidade e se também não acabar este curso, quando pedir um certificado só fico com o 9º ano.” - Trabalhador Sazonal em Restauração, 26 anos.
Se, em alguma medida, se revê no que foi dito pelos nossos alunos, a Escola Secundária Camilo Castelo Branco oferece-lhe a oportunidade de frequentar os cursos EFA (regime nocturno) e de poder completar o 9º ano ou o 12º ano de escolaridade.
Venha ter connosco, ajudá-lo-emos a esclarecer as suas dúvidas, quer pessoalmente, quer por correio electrónico. Neste último caso, não hesite em escrever-nos para liceunovasoportunidades@gmail.com.
Pesquisa feita pelos Professores de Geografia - ESCCB
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