Divulgação informativa e cultural da Escola Secundária/3 Camilo Castelo Branco - Vila Real

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Um sonho!… uma ambição!


As Novas Oportunidades são já uma realidade e, quer se aceite ou não, fazem parte do vocabulário e do quotidiano de muitos portugueses. De facto, as pessoas formatadas para conceber, apenas, a aprendizagem formal, encaram-nas com grandes reservas e até com desconfiança: Como é que alguém com menos de metade das horas de formação, relativamente ao ensino regular, poderá desenvolver as mesmas aprendizagens/competências? A resposta é simples! Quem procura formação nestes cursos não quer nem precisa desenvolver o mesmo tipo de aprendizagens/competências. É errado pensar que pessoas que, por diversos condicionalismos, não conseguiram concluir os seus estudos na idade “considerada própria” para o fazer, procuram, mediante um regresso ao passado, recuperar o tempo perdido e fazer o mesmo percurso.


São pessoas… com sonhos… com ambições… e que não cruzam os braços. Mas porque têm que conciliar a vida profissional com a pessoal, aumentar as qualificações é, muitas vezes, um “projecto de vida” adiado. Acreditam nas suas capacidades e sabem que nunca é tarde para “aprender”, embora cientes que, agora, o percurso tem que ser diferente. Para estas pessoas as “Novas Oportunidades” surgem como “ouro sobre azul”.


Nestes cursos o adulto obtém o reconhecimento das competências adquiridas, em contextos informais, ao longo da vida e, ao permitirem elevar as qualificações de base, são também uma forma de justiça social. Induz o reconhecimento individual da capacidade de aprender e possibilita a aquisição de competências e níveis de qualificação que promovem o sucesso e a empregabilidade.


É uma formação norteada pela valorização e mobilização de saberes culturais, científicos, tecnológicos, e, pelas práticas e experiências de vida dos formandos como forma de abordagem das situações/problema. Tem em linha de conta o ritmo de cada formando numa lógica de diferenciação, consolidação de percursos de auto-aprendizagem, reflexividade pessoal e formação individual.


Ao longo do curso abordámos assuntos de grande utilidade, como por exemplo que as futuras gerações têm o direito de ter um ambiente, pelo menos, igual àquele que nós recebemos e que por isso temos o dever de proteger o ambiente. E hoje sei que a mudança tem que começar por mim! Após as competências desenvolvidas nos temas Abertura Moral e Ética considero-me uma pessoa mais coerente, com uma mentalidade mais aberta, que aceita melhor as diferenças e que sabe que tem de respeitar “o outro”, se quer ser respeitado. Muitas foram as reflexões…mas também as gargalhadas… Agradeço às formadoras, principalmente, pela paciência e pela preocupação em fazerem, de cada um de nós, uma pessoa melhor”, Marcos, 24 anos.


Esta oportunidade de concluir o 12ºano, através das Novas Oportunidades foi muito importante porque de outra forma, devido à minha idade e à dificuldade em conciliar os estudos com a vida profissional e pessoal, seria impossível. Gostei muito porque me ajudou a mudar a maneira de ver e compreender o “mundo”. As formadoras promoveram o debate, a troca de experiências e de saberes, e procuraram desenvolver competências com aplicação prática, o que constituiu um verdadeiro enriquecimento para mim, com inevitáveis implicações no meu dia-a-dia”, Lucília, 52 anos.


Faz como a Lucília e como o Marcos, não desistas dos teus sonhos!...

Isabel Machado

quinta-feira, 29 de abril de 2010

EM ABRIL, FOMOS A BENIDORM

Para conhecermos um pouco mais do património natural, edificado e artístico de Espanha” (estas são as palavras das professoras), passeámo-nos, de 5 a 10 de Abril, por terras de “nuestros hermanos”, mais propriamente por Benidorm, província de Alicante.
Éramos um grupo de 4 professoras (que, nos últimos dias, ascenderam ao estatuto de zombies) e 48 alunos, quase todos do 10º ano, desta nossa Escola Camilo Castelo Branco.
Dia 1
Foram quase doze horas de autocarro.
Mas valeu a pena, quanto mais não seja pela paragem em Cuenca: uma pequena cidade construída numa paisagem de cortar a respiração, tal é o vigor das formas de relevo cársico, onde as “Casas Colgadas”se debruçam, perigosamente, sobre profundos canyons.

Cuenca

DIA 2
O dia foi passado no Terra Mítica, um parque de diversões e temático, onde fomos transportados para o mundo mítico das civilizações do Mediterrâneo, com as suas antigas lendas e mistérios.
Descemos o Nilo, numa montanha russa de água; experimentámos a fúria de Tritón, num espectacular Water Slide; viajámos na montanha russa, durante 35 segundos, a mais de 100 km/h, com cambalhotas de 360º e uma queda livre de 31 metros de altura; descemos ao Inferno Romano e transformamo-nos numa bola girando 60Km/h; recriámos o voo de Fénix, numa aterradora queda livre de 54 metros; entrámos na escura Pirâmide do Terror, onde múmias e monstros em carne e osso nos fizeram gelar o sangue, já para não falar da nossa fuga final, em direcção à luz da saída, perseguidos pelo homem da moto-serra.


Felizes…mas molhados que nem patos.

Depois do banho…almoço no Império Romano.

DIA 3
Depois da longa noite anterior, que começou bem com um assalto geral à máquina de gelados do hotel durante o jantar, bem precisávamos de uma viagem mais demorada, que nos permitisse dormir pelo menos, uma horita. Mas não porque o Mundo Mar era já ali ao lado: um parque temático marinho.
Espantámo-nos com papagaios a conduzir carros; maravilhámo-nos com as caudas dos pavões; rimo-nos com as brincadeiras dos macacos; admirámo-nos com a elegância dos pinguins; assistimos, encantados, a shows de golfinhos e de leões-marinhos e vivemos a experiencia única de nadar com eles.

O banho com os leões-marinhos

Todos juntos com o anfitrião.

DIA 4
Depois de mais uma noite de muitas horas não dormidas mas antes vividas, desta vez tivemos mais sorte: hora e meia, que deu para dormir um pouco, para chegarmos ao Oceanário em Valência.
Viajámos pelos principais mares e oceanos do planeta; pudemos admirar mais de 500 espécies subaquáticas diferentes; abrimos os olhos de espanto perante a cor e os sons dos oceanos; tiritamos de frio com as águas gelados do fundo dos mares; mergulhámos num túnel de acrílico e quase tocamos nos tubarões que se passeavam, serenamente, por cima das nossas cabeças; batemos palmas, entusiasmados, aos saltos mortais dos golfinhos.

Como saltam os golfinhos


A"Conga": operação de contagem, à saída do oceanário…não fosse algum fugir.


Todos…junto ao Oceanário.

Dia 5
Mais uma viagem de 1 horita e mais um sonito reparador até à cidade de Elche, para conhecermos, durante a manhã, o Huerto del Cura, um jardim botânico.
Vimos a maior concentração de palmeiras em toda a Europa, um palmeiral com origem fenícia, com mais de 2000 anos; mais ou menos a mesma idade tem o busto da Dama de Elche, descoberto nesta cidade em 1897, cuja reprodução observámos porque o original, demasiado valioso, se encontra num museu de Madrid; Abrimos os olhos em direcção ao céu para apreciarmos a Palmeira Imperial, cujo nome se deve à Imperatriz Sissi da Áustria, um candelabro vegetal constituído por um conjunto de uma palmeira-mãe rodeada por palmeiras mais pequenas, os seus filhos, com 165 anos.
A tarde foi tempo de ficarmos na piscina do hotel, de irmos até á praia, de passearmos ou fazermos compras em Benidorm. Enfim, um tempito para as professoras verem, finalmente, “a loja desamparada”…

DIA 6
Longa viagem em direcção à nossa cidade.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Visita à Casa de Anne Frank

Silêncio...

Silêncio...


Silêncio do marulhar
das ondas do mar.

Silêncio da tua voz
no meu olhar.

Silêncio da brisa
que toca e molda
o meu rosto.

Silêncio de forma
fugidia, desfeita
no dia a dia.

Silêncio
do tique - taque de relógio
na casa vazia dos meus avós.
sombra-presença de todos nós.

Silêncio
no povoado
abandonado
sem vida e sem gente,
onde estamos sós.

Silêncio
em moldura de xisto,
cenário de sol refulgente,
lampejo de sol poente
em estilhaço de vidro,
de janela ausente

Silêncio de gente
que passa de costas
voltadas, formas de vida
diluída,
ao virar da esquina;
espia de desencontros,
em postigo de escombros

Silêncio de corpo
dorido, abandonado
em jornal esquecido,
embrulho colocado
em chão molhado,
substância ausente,
outrora gente, ao abrigo
da multidão, indiferente.


Silêncio de casas
de portas abertas
escancaradas, abandonadas
ruas estreitas;
vestes desfeitas, esfarrapadas
vidas paradas
ausência de rosto
que o tempo marcou
no fundo de escadas
em vão…

Silêncio de corpo,
adormecido,
dorido, transido
de frio
ao abrigo
da solidão.
Silêncio……
!!!!!!!!

A. Andrés

terça-feira, 27 de abril de 2010

Concurso jogos didácticos

Os professores da mediateca da Escola Secundária/3 Camilo Castelo Branco vão promover o Concurso de Jogos Didácticos no ano lectivo em curso. Este Concurso destina-se a todos os alunos e formandos EFA matriculados na Escola e a toda a comunidade. Tem duas vertentes: inéditos e recolha.
Os professores da mediateca poderão prestar qualquer esclarecimento adicional.
Cada aluno pode concorrer com apenas um jogo inédito ou recolhido, indicando a(s) área(s) ou disciplina(s) a que se destinam. Os trabalhos podem ser entregues até dia 18 de Junho de 2010, inclusive, aos professores da mediateca que os guardarão em pasta ou caixa apropriada a designar, ou enviados por email para: mediatecaccbvr@gmail.com.
Os trabalhos serão avaliados por um júri integrado por professores que se norteará pelos seguintes critérios: Correcção ortográfica, morfológica e sintáctica; Objectivo; Originalidade e criatividade; Carácter educativo do jogo.
O júri seleccionará os melhores trabalhos, distinguindo-os com a atribuição de diplomas, prémios a designar posteriormente e a publicação no blogue da Escola. A entrega dos prémios ocorrerão em momento a determinar.
O júri é soberano para a resolução de eventuais casos omissos neste regulamento.

Que a imaginação e a capacidade de trabalho vos propiciem o sucesso.
Participai! Partilhai connosco os vossos bons momentos de criatividade!

Rosa Canelas

Fernando Pessoa por Patxi Andión e Ana Moura

Pela sua musicalidade e profundidade, os textos de Fernando Pessoa têm sido musicados e interpretados por autores portugueses e estrangeiros. No mais recente espectáculo de Patxi Andión, no Cine -Teatro de Torre de Moncorvo, escutei mais um texto do poeta, musicado por este cantautor. Entretanto realizei este pequeno filme, apoiado numa reportagem fotográfica por Torre de Moncorvo, de onde se destacam alguns quadros de Chi Pardelinha, outrora expostos no Museu do Ferro, e na interpretação soberba de Ana Moura e Patxi Andión do texto pessoano" Vaga, no Azul amplo solta".

Texto e filme: João Costa

domingo, 25 de abril de 2010

25 de Abril

Ainda nos dias que correm, o 25 de Abril é uma data imortal para qualquer português.
É incrível como, um dia que aparentemente para a maioria seria “ mais um”, se acabou por tornar um marco de extrema importância na História de Portugal.
Em 1974, vivia-se uma ditadura governada por Marcelo Caetano. Desta forma, o povo português enfrentava um clima de grande tensão e instabilidade, numa luta incansável pela liberdade.
Os pensamentos da sociedade eram, constantemente, oprimidos e censurados pelos apoiantes do regime, as paredes tinham ouvidos, ninguém podia falar sem ser escutado. Até com os pensamentos era preciso ter cuidado não viesse a PIDE levantar cabelo!
Os jornais e as notícias, como os conhecemos hoje, são uma realidade bastante jovem, ao contrário do que a maioria pensa. Crónicas políticas, humor acerca de pessoas importantes, entre muitos outros exemplos, eram estritamente proibidas. Já para não falar que qualquer artigo, antes da sua publicação, tinha que passar a prova do “ lápis azul” e poucos eram aqueles que saíam ilesos.
Farto de tanta opressão, o exército organizou uma revolta. Após horas e horas de preparação exaustiva e minuciosa, “ E depois do adeus” de Paulo de Carvalho, “ Grândola Vila morena” de Zeca Afonso e colaborações anónimas deram o mote, aconteceu o tão ilustre “ 25 de Abril”.
O exército estava armado, porém não houve qualquer tipo de violência, uma das características que mais se destacam desta revolução política. À medida que os soldados iam passando pelas ruas com as suas espingardas, mulheres foram colocando cravos nos canos das suas espingardas, como símbolo de paz.
O 25 de Abril de 1974 foi uma data memorável, prova-nos que a perseverança e a coragem nos podem conduzir aos destinos mais improváveis. Portugal, aos poucos, recuperou a sua liberdade.
Inês e Marco
O 25 de Abril pelos alunos do 9ºano.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

A Tempestade de Shakespeare por Marta Silva

Pelas 15 horas, realizou-se mais uma actividade, no âmbito da Semana da Leitura. Desta vez, a prelecção foi proferida por Marta Silva, aluna do 12ºH, e coadjuvada por alguns colegas seus, na leitura e dramatização de excertos da "Tempestade". O dinamismo da acção cativou os presentes que encheram o Auditório. Desta forma, alargaram ou recordaram os conhecimentos da vida e obra do sempre actual Shakespeare.


Marta Silva embrenhada na "Tempestade".

Também com um toque de cineasta!

Actores convidados.


Público atento e numeroso.
Texto e imagens
João Costa

25 de Abril

Durante a parte da manhã, do dia de hoje, decorreu, no Auditório, uma palestra centrada no tema do 25 de Abril, com a participação de representantes da Juventude de várias tendências partidárias.


Escultura alusiva ao 25 de Abril, no átrio da entrada principal, realizada pelos alunos de Artes.

Os jovens políticos intervenientes.

Até "Camilo", ao fundo, assiste à conversa dos jovens políticos...

Texto e fotos: João Costa

O 7º B foi às compras

No dia 20 de Abril de 2010, pelas 10Horas, a nossa turma deslocou-se ao Centro Comercial Dolce Vita Douro para participar na iniciativa: “Juventude e Consumo”, um dos desafios da Semana da Juventude 2010, organizada pela Câmara Municipal de Vila Real, em conjunto com outros parceiros, incluindo a nossa Escola.
O desafio constava de uma ida às compras ao hipermercado Jumbo, na condição de um jovem que tinha deixado a casa dos pais por ter de ir estudar na Universidade. Era necessário adquirir os bens de consumo para uma semana, tendo apenas 50€ para gastar nessas compras.
Saímos da escola eram 9:45 Horas e, acompanhados pela nossa professora de Ciências e pela nossa Directora de Turma, fomos de CorgoBus até ao Shopping,. Quando lá chegámos, dirigimo-nos logo para a zona do Jumbo e já lá estava, para participar na mesma actividade, uma turma de sétimo ano da Escola Secundária/3 de Morgado de Mateus.
Depois de sabermos quais eram as regras e os objectivos, a turma foi dividida em dois grupos: o grupo dos números pares e o grupo dos números ímpares, os primeiros estiveram acompanhados pela professora de Ciências da Natureza e os segundos pela professora de Geografia e Directora de Turma.
Iniciámos então a tarefa. Cada grupo tinha um carrinho de compras e foi colocando lá dentro os produtos que achou mais necessários. Às vezes, houve alguma discussão, porque nem todos concordavam em comprar os mesmos produtos, principalmente no grupo dos “pares”…
Depois das compras feitas, os grupos dirigiram-se para a caixa número cinco, para simular o pagamento. Os resultados foram bastantes diferentes: o grupo dos “pares” conseguiu “comprar” todos os produtos de primeira necessidade e gastou apenas 47€; o grupo dos “ímpares” foi muito mais gastador, tendo ultrapassado o orçamento disponível em mais do dobro. No carrinho deste segundo grupo havia produtos de primeira necessidade, mas também muitas guloseimas, petiscos e bebidas.
Foi um mero acaso, mas deu-se a coincidência de o primeiro grupo ser governado por raparigas, por elas estarem em maioria, e o segundo por rapazes, porque quase não existiam raparigas.
Depois de feito o registo das compras e de emitido o respectivo talão, os produtos seleccionados foram levados por uma empregada novamente para o interior da loja, para serem colocados de novo nas respectivas prateleiras. Essa foi a parte pior…
O grupo dos “pares” estava de parabéns! Os “ímpares” perderam o desafio, e foi justo, porque foram um bocado desgovernados, só podiam gastar 50€, mas gastaram 120€.
Seguidamente, os alunos e os professores deslocaram-se para o auditório do NERVIR, onde o gerente do Jumbo falou com as duas turmas e teceu alguns comentários sobre o nosso comportamento como consumidores, tendo-nos recomendado algumas formas para poupar e para encontrar os produtos com a melhor relação preço/qualidade.
Depois de ouvirmos o director do Jumbo, a nossa delegada de turma, em nome de nós todos, agradeceu e pediu desculpas por eventuais prejuízos.
Esta actividade cativou-nos, porque ir às compras com os colegas é sinal de diversão, mas também nos fez pensar no muito que temos de aprender se algum dia tivermos de governar uma casa.
Alunos da turma B, do 7º ano.


Podes ir as compras,
mas com precaução,
não metas tudo no carro,
enorme pode ser o talão!!

Compra apenas o necessário,
Para sobreviveres,
Compra fruta, carne e peixe,
E qualquer coisa para beberes…

Escolhe do bom e do barato,
Olha para as promoções,
Se não no fim ficas
a contar os tostões

Já sabes o que fazer,
Cuida bem da tua alimentação,
Se não, é a barriga a crescer,
E o teu dinheiro não!!!

Patrícia Peixoto, 7ºB
20/4/10

Cervantes e Shakespeare

Integrada na comemoração do Dia Mundial do Livro, realizou-se uma representação teatral sobre "El Quijote", com um texto adaptado por Carme Torra e Charo Téban. Manuel Armando Pinto (Cervantes), Francisca Noronha Nascimento (Dulcinea del Toboso), Pedro Guilherme Alves ( D.Quijote), Daniela Banaszak (Sancho Panza) e Ana Paula Fortuna ( narradora) foram os actores.
Seguidamente foram lidos excertos da obra de Cervantes pelas alunas da professora Elza Pinto, do 8ºA, Bárbara Santos e Andrea Fariñas. Por fim, foram igualmente interpretados excertos das obras de Shakespeare (Hamlet e The Merchant of Venice), por dois alunos da professora Emília Correia.

Uma das muitas ilustrações de D.Quixote exposta no átrio principal.


Dramatização e leitura de Cervantes.

Maria Beatriz Marabuto. 11ºG
Pedro Fonseca - 11ºG
Leitura de Shakespeare.

Fotografia de João Costa

Dia Mundial do Livro

Evocar Cervantes
Daniela Gomes - 12ºG
Foto: João Costa

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Palestras - Semana da Leitura


De acordo com o programa da Semana da Leitura, foram hoje apresentadas, pelas 16h30m, no Auditório 1, as palestras Shakespeare, uma escrita intemporal, pela professora Delfina Rodrigues, e D. Quixote de la Mancha ou o romance como questão de si mesmo, pela professora Adelaide Jordão.
Sobre a primeira prelecção, a autora respondeu ao porquê de continuar a estudar Shakespeare, tendo em conta todos os estudos existentes da obra de Shakespeare. A resposta talvez possa ser encontrada na qualidade plástica da obra de Shakespeare de continuamente se renovar e actualizar através do próprio leitor.
Quanto à segunda palestra, a autora dissertou sobre a reflexão centrada na identidade romanesca a partir do romance seminal D. Quixote de la Mancha. Assim, segundo palavras de Augusto Abelaira, "o romance não está em crise porque está emcrise". Essa é a lição que o romance de Cervantes vem sublinhar. A identidade do romance define-se pela sua perpétua crise e reinvenção, evidente na apropriação paródica e irónica da novela de cavalaria Amadis de Gaula.
Em cada palestra, foram interpretados textos dos autores visados nas palestras por um grupo de alunos do 10ºI. Os textos de Shakespeare foram apresentados na versão original e na tradução dos próprios alunos.
Aspecto geral do público.

Alfredo Martins e António Pedro Carvalho.
Anabela Pires e Tânia Rego.

Marta Rodrigues e Virgília Camões
A intemporalidade da obra de Shakespeare pela professora Delfina Rodrigues.

A eterna crise do romance pela professora Adelaide Jordão.

Leitura por Tânia Rego.

Reportagem: João Costa

Semana da Juventude

No âmbito das actividades da Semana da Juventude, promovida pela Câmara Municipal de Vila Real, foram vencedores os seguintes alunos da escola:

Eleição Miss e Mister Escolas
- Miss - Escolas 2010 - Cátia Azevedo ( 12ºA)
- Mister - Escolas 2010 - Diogo Gonçalves (11ºB)
- 1ª Dama de Honor 2010 - Cassandra Cunha (10ºF)

- Olimpíadas de Matemática
Equipa Vencedora ( Ana Catarina Mota, André Cipriano Sousa, André Abraão e Maria Inês Pereira - alunos do 7ºF)

quarta-feira, 21 de abril de 2010

ENTREVISTAS IMAGINÁRIAS - GEORGE STEINER

1. Num dos seus últimos livros, OS LIVROS QUE NÃO ESCREVI [MY UNWRITTEN BOOKS, 2008], propõe um quadrivium, quatro disciplinas fundamentais [Matemática, Música, Arquitectura e Ciências da Vida] que formariam a literacia básica de uma base conceptual comum (aos homens e mulheres de todo o mundo). E, face às mutações na Ética, no Direito, na Demografia ou Políticas Sociais que as últimas descobertas ao nível da biologia molecular e na genética podem gerar, afirma impor-se uma introdução, ainda que limitada, destas duas áreas – a biologia molecular e a genética – a todos os jovens estudantes (e até aos adultos que queiram ser cidadãos conscientes). A questão é: as palavras, já com várias décadas, de C.P.Snow – autor de que fala, aliás, nesta obra – sobre as duas culturas, não são, a este respeito, particularmente válidas, quando a problemática dos meios – oferecidos pelas ciências naturais e da vida – e dos fins – a que as ciências humanas costumam responder – parece, também hoje por hoje, não se harmonizar, com um fractura extensa entre estes dois mundos? Dito de outro modo, estará a filosofia a dialogar com a genética?
2. A este propósito, ainda, das mudanças suscitadas pelo avanço científico (genético), como observa as provocações do filósofo alemão Peter Sloterdijk, em REGRAS PARA O PARQUE HUMANO [REGELN FUR MENSCHENPARK], quando assinala que o humanismo como utopia de domesticação humana por meio da leitura falhou, face às técnicas de desinibição das massas? Isto, também e por outro lado, à luz das reflexões do Prof. Steiner sobre a relação entre barbárie e cultura. Com esta pergunta: estamos destinados a utilizar antropotécnicas – genéticas – para domesticar o Homem? E aí, que espaço para a liberdade humana? Têm razão Alvin e Heidi Tofler quando nos dizem que a grande questão dos próximos 50 anos é a definição do humano (o que é humano? o que é o humano?)?
3. Voltando a MY UNWRITTEN BOOKS, é lá que escreve: “o que subjaz à crise das humanidades é a erosão da religião organizada”. Gostava que desenvolvesse esta ideia.
4- Reflecte, igualmente, sobre as transformações cerebrais que as novas tecnologias de informação e comunicação (TIC´S) podem e estão a introduzir em todos nós e, consequentemente, também ao nível do ensino. “Certas ideias fundamentais, quase imutáveis desde a Antiguidade Clássica, estão em processo de transformação”. A que ideias, em concreto, se refere?
5- Explica as circunstâncias históricas, sociais, culturais que fazem com que seja muito difícil proceder a comparações entre vários sistemas de ensino, de diferentes latitudes mundiais. Em todo o caso, relaciona a educação inglesa com o anti-intelectualismo reinante no país (que, no entanto, levou a que o cepticismo para com a abstracção e a retórica impedissem os totalitarismos de desaguar na Grã-Bretanha); com ironia, refere-se ao prestígio e importância que a educação e os professores tiveram ao longo da História Francesa (“O Juízo Final será, suspeito, um concurs presidido por examinadores franceses”). Para finalizar, e sobre os EUA, “ao nível realmente de topo, a formação universitária americana é incomparável”. Fale-nos destas experiências, Professor.
6- Em termos políticos, a Democracia é alvo de várias referências suas. Vê-a como um regime que permite a passividade – e o senhor Professor nunca votou – e o desinteresse. E denuncia um mercado livre, de massas, que nivela o ensino por baixo. É mais incisivo e provocador, inclusivamente: “a justiça social não é solidária da excelência. Nivela por baixo (…) A democracia desconfia da solidão (…) O igualitarismo pode reduzir a educação de massa a uma impostura”. Ora, perante tal diagnóstico, o que deve um político fazer, em sua opinião, para não deixar de lado a justiça social e, simultaneamente, a excelência no ensino? São mesmo incompatíveis estas duas realidades (simultâneas)? Também escreve que a esmagadora maioria das pessoas não tem preocupações políticas (maxime, liberdade de expressão) desde que as necessidades mais básicas estejam satisfeitas, e que mesmo em regimes opressivos a criatividade não deixou de florir. A dificuldade – mesmo em termos políticos – aguça o engenho?
7- Em Portugal, tem-se aludido a experiências educativas não europeias – como Coreia do Sul ou Singapura – como estimuladoras na melhoria – na qualidade e exigência – no ensino português. Como olha para tais realidades (sabendo-se, por outro prisma, das taxas de suicídio jovem na Coreia do Sul)? Quais os limites da competição, da exigência, da importância da escola? Que opinião tem – e esta é outra questão muito discutida em Portugal – sobre a publicação de rankings sobre os desempenhos dos alunos, por cada escola?
8- Em O Silêncio dos Livros, mostra-se muito céptico quanto ao futuro do livro. Pessoalmente, rejeita qualquer outra forma de lidar com o livro que não o modo tradicional? Não vê qualquer potencialidade no e-book ou no audiolivro, p.ex? Apesar dos livros, a memória de algumas ideias da Antiguidade Clássica puderam, como reconhece, manter-se. A memória, e essa civilização que esta continha, estão mesmo condenados a desaparecer? Gosta do mundo em que vive ou perdeu, em definitivo, a paciência para gerações que, como diz num livro de entrevistas com o Prof. Ramin Jangenbloo, precisam, incessantemente, de mais e mais notas de rodapé para conseguirem compreender os clássicos, de que é tão devoto?
9- Há escassos meses foi reeditada, em Portugal, a sua autobiografia (intelectual), Errata. No nosso país, escreveu-se que o Senhor Professor é muito admirado (também) por ser sinónimo de uma época que já não regressa – uma época em que o menino é formado num ambiente trilingue, obrigado a decorar versos de Homero, tem aulas com uma pequena escocesa especialista em Shakespeare, vai todos os Sábados com o pai a um museu, em diferentes cidades, onde a errância judaica o obriga a viver, formando, como diz, um verdadeiro Talmude Secular, capaz de lhe proporcionar alguma sabedoria – um Mestre de um mundo desaparecido (um mundo em havia tempo para o tempo, em que as línguas clássicas eram valorizadas, em que a memorização tinha uma grande importância, em que a Alta Cultura, mesmo por quem não a praticava, era considerada). Reconhece que é uma Autoridade no mundo em que esta – no sentido de auctoritas – se perdeu? Ou, ao invés, esta admiração pelo saber enciclopédico e profundo do Prof. Steiner não é um reconhecimento, paradoxalmente, dos valores do conhecimento, do estudo, do classicismo, do cosmopolitismo? Ou, ainda, uma autopercepção de uma cultura vazia – mas o tópico da decadência não acompanhou tantas épocas? O que singulariza esta, neste âmbito? – que o deve colocar numa redoma de vidro, por o Senhor Professor ser uma excepção ao espírito do tempo? Mas essa autocompreensão não seria, afinal, sinónimo de uma postura mais exigente e autocrítica do que seria de esperar da sociedade que critica?
10- Algumas das intuições que assume em Presenças Reais – um livro de uma grande sensibilidade, belíssimo e, permita-me a provocação, citado por inúmeros teólogos – vão contra o que chama de politicamente correcto. Gostaria de confrontá-lo com a hipótese por si aventada de, para além das explicações culturais/sociológicas que nos mostram inúmeros constrangimentos à mulher, ao longo dos tempos, de um eventual menor poder de criação (artística) feminina estar relacionado com o facto de a mulher criar biologicamente, dar à luz. Gostava que nos pudesse explicar esta intuição que corajosamente assume nesta obra.
11- Os actuais líderes europeus têm alguma Ideia de Europa (para citar o título de uma outra sua fascinante obra)? Que fronteiras para o alargamento da UE, que base para um entendimento comum, que relações com os EUA, como vê a integração turca na Europa? Conseguiremos ainda sentarmo-nos num café europeu, ou a americanização de que fala far-nos-á prescindir ou esquecer o fardo pesado – o legado de poetas, filósofos, pedagogos – que carregamos? Algum dia – e o tópico das humanidades em perda não poderá levar a essa repercussão? – estaremos numa situação de “amnésia criativa”, de que fala, quando fala dos EUA?
12- Em After Babel, defende que perante as dificuldades que a nossa espécie foi passando, o uso do contra-factual – “e se…” – ou do tempo verbal no futuro – “irei, farei”, etc. – ajudou a ultrapassar dificuldades do – daquele – presente. Mas em várias obras, a reflexão sobre a música leva-o a apreender os muros em que esbarramos, quando esbarramos na linguagem. A música como forma de tocar a transcendência. Sabemos que não gosta de partilhar o privado, mas, ainda assim, arriscamos: o que anda a ouvir? E das entrevistas a Ramin Jangenbloo: porque é que o Otelo de Verdi é superior ao Otelo de Shakespeare? É explicável por palavras?
13- Na última vez que esteve em Portugal, em conferência na Fundação Calouste Gulbenkian, abordou os limites da ciência. Quais os grandes limites - que conclusões se puderam ali extrair – que impendem sobre a ciência, na actualidade?
14- Vamos terminar como começámos, pela educação. Gostávamos que nos contasse um pouco dessa experiência de que fala quando escreve: “nunca tive alunos mais exigentes e mais originais do que dos meus alunos em horário pós-laboral na Universidade de Nova Iorque”.

Muito Obrigado

Pedro Seixas

terça-feira, 20 de abril de 2010

Semana da Leitura




segunda-feira, 19 de abril de 2010

Semana da Leitura

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FEIRA DO LIVRO

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sábado, 17 de abril de 2010

DA ANTÍGONA – SENTIDOS, RAZÕES, VOZES DE ONTEM E DE HOJE

O Teatro Nacional de S.João (TNSJ) tem em cena A Antígona, de Sófocles (tradução de Marta Várzeas, encenação de Nuno Carinhas), e, simultaneamente, propôs-se e propôs-nos, a partir desta obra, uma série de abordagens (a tradução, a geopolítica, a filosofia, a encenação…), numa constelação de registos susceptíveis de enriquecerem a nossa compreensão – não já fragmentada, mas complexa e global – da tragédia grega.
Foi pelos caminhos da teoria da tradução, primeiro, da construção de um guião concreto para o texto-suporte da peça, tal qual a podemos ver hoje no Porto (dia 14 de Maio, em Vila Real), depois, culminando com a indagação do elemento/personagem central da tragédia sofocliana e discussão entre helenistas que a primeira conferência, deste ciclo Análises ao Fado e ao Sangue, decorreu.

MARIA HELENA DA ROCHA PEREIRA

Da Professora jubilada de Coimbra, da tradutora incansável, da ensaísta prolixa, da mulher que em Oxford se especializou e conheceu os recônditos dos vasos gregos, da senhora que nos legou um espólio decisivo sobre a civilização clássica, dessa trabalhadora infatigável e poliglota, escreveu acerca do prémio Vida Literária, á autora este ano atribuído, Francisco José Viegas (Ler, Abril 2010) que este era um tributo á preservação de uma memória que nos formou, a escolha de uma trincheira, um soco na ignorância e irresponsabilidade (políticas) que arredaram os clássicos – desde logo, a aprendizagem do grego e do latim – dos currículos. Acrescentou, reconhecido, que as suas obras de antologia das culturas grega e romana (publicadas pela Gulbenkian) deviam ser de leitura obrigatória nas escolas, no Ensino Secundário. E, na verdade, é recorrendo ao volume II de Estudos de História da Cultura Clássica que melhor poderemos explicar o sentimento de reverência, de solenidade, de gravidade, a atenção e o mais absoluto silêncio que vazaram a sala perante as palavras da Professora Rocha Pereira: a auctoritas “é um valor intrínseco, que “não se exerce pela persuasão e convicção, mas apenas e somente pelo peso da pessoa ou corporação que toma ou sanciona uma decisão”” (escreveu, citando Poschl). Foi – é – a auctoritas, esse vocábulo original romano, sem equivalente grego, que se impôs nesta sessão.
A dissertação de Maria Helena da Rocha Pereira debruçou-se sobre a investigação no âmbito da tradução, focada, sobretudo, em três entendimentos muito distintos desta problemática: a)a ideia de tradução como fidelidade ao texto original; b)a perspectiva de literalidade (o exemplo dado foi o de uma tradução que em vez de utilizar “Prometeu” preferisse “Prometeos”); c) a noção do contexto – tempo, espaço e público – como decisiva em busca da melhor solução. Não fugiu a uma opção clara: a ideia de fidelidade ao texto – “o princípio da fidelidade operou em Portugal entre os anos 50-70” – sem que se caísse na literalidade, mas, antes, exigindo um grande conhecimento das línguas de partida e de chegada nas quais se trabalhava. Neste sentido, a passagem do princípio da fidelidade ao princípio da equivalência desagrada-lhe profundamente. E é contundente quando nos diz que até meados do séc.XX o que existiu em Portugal, no que respeita aos textos disponíveis das tragédias gregas, foram “pseudotraduções”, já que o labor não foi feito a partir da língua original. A partir de então, sim, “helenistas e latinistas, de Lisboa e de Coimbra, formaram cuidadas” traduções. Hoje, Sófocles “já está completo entre nós”, numa “obra válida para o nosso tempo e cultura”.
Exemplo curioso, o de pedir auxílio a um professor de ciências da Universidade do Porto, quando foi necessário traduzir o teorema de Pitágoras (não necessariamente como hoje o recebemos), ou como a humildade e a transdisciplinaridade são fulcrais ao bom resultado de uma tradução.
De entre a pletora de autores convocados a explanar teorias de tradução – e o mundo francófono como local de onde partiram hilariantes adaptações de época e público de Antígona, e as mais corrosivas críticas a esse modus faciendi – Lutero acabou por ser figura incontornável, por a sua tradução da Bíblia trazer “valor normativo ao novo alto alemão”. De resto, a primeira representação séria moderna de Antígona acontece em 1841, em Potsdam. Se ao leitor não ocorreram dificuldades suplementares de levar a tragédia á cena, além das (não poucas) enunciadas na tradução do grego sofocliano, foi porque ignorou a Poética de Aristóteles e, assim, os elementos definidores/caracterizadores da tragédia (aí enunciados). É que a música é núcleo essencial desta. E a música grega, apesar dos vasos, dos desenhos é, hoje, irreconstituível. Mesmo um instrumento de cordas sugerido é, por demais, exígua informação, já que nada nele nos esclarece o tipo de corda em causa, a tensão necessária para o habitar, etc. Ora, foi Mendelssohn quem preencheu, nessa auspiciosa estreia, a lacuna, para gáudio do público.
A compreensão da tragédia é indissociável da sua representação e, deste modo, não surpreende que “as grandes Universidades tenham festivais clássicos”. Estes guardiães do templo, no que a Portugal diz respeito, com intervenção intra e extra-muros nacionais (com elogio internacional), situam-se em Coimbra, onde desde 1998 um importante trabalho, neste campo, vem sendo feito. Nomes como os de Paulo Quintela, José Ribeiro Ferreira, Delfim Ferreira Leão ou Maria Fátima Silva devem ser destacados no âmbito da realização teatral de obras clássicas. No Porto, o grupo “As Boas Raparigas” merece referência, por ter levado à cena peças gregas.
Por fim, trazer á liça o filólogo, sem o qual o tradutor não irá longe (Goethe), porque se requer “exactidão estilística”, logo aí, nas obras “cuja força trágica era una e indivisível”. E quanto á força de Antígona não tenhamos dúvidas: “a primeira estásima de Antígona daria uma base suficiente para a metafísica ocidental” (Heidegger).

MARTA VÁRZEAS

Definida, pelo moderador Frederico Lourenço, como “um dos grandes valores dos estudos clássicos em Portugal”, “com uma rara sensibilidade” na aproximação aos textos greco-latinos, Marta Várzeas, a tradutora da Antígona dada a ver no TNSJ, humanista coimbrã como a “Mestre” que a precedeu no uso da palavra, separou as águas geracionais: a sua abordagem seria “menos erudita”, o que significou uma menor frequência no elencar de teorias da tradução e seus principais expoentes.
Não menos interessante, porém, a sua comunicação principiou por uma pergunta que pode ter deixado alguns dos presentes perplexos: “será que a Antígona que recebemos foi a Antígona que Sófocles escreveu?”. Tal e qual? Torna-se ocioso especular sobre a possibilidade, mas serve a referência para deixar dito que o texto a que temos acesso é aquele que nos chegou a partir de cópias feitas por sábios de Alexandria, no séc.III a.C. e, por outro lado, indo directamente á sua experiência de tradutora, explicou, pois, que o que conta é a intenção do texto (“se não sabemos a intenção do autor, sabemos a intenção do texto”). Retomando a importância da filologia, já nesta conferência sublinhada, citaria Edward Said para nos dizer como “uma leitura filológica é activa”, como o que está obscuro, oculto pode ser, com ela, posto a nu, e como Said via em Nietzsche, no “grande” Nietzsche, sobretudo, um filólogo.
Explicitadas já as dificuldades, melhor, a impossibilidade de reconstituição da música grega, novo dado, no labirinto dos constrangimentos experienciados pelo tradutor: “não é possível transpor poesia de uma língua para a outra”. “Lacunas e idiossincrasias” do grego impõem obstáculos que era necessário suplantar para que “a clareza, a fluência e a expressividade” pudessem surgir no português. “Tentei dar ritmo, cadência, musicalidade de modo intuitivo”, partilhou, algo que percebeu surgir nos “decassílabos e nas redondilhas maiores ou menores” entretanto alcançadas. Evitou anástrofes, distinguiu a parte do diálogo da lírica. “É a variedade métrica que indica a variedade emocional”, presente na obra. A tragédia, dividida entre “episódios” e “estásimas”, contava, ainda, nas representações gregas, com 12 a 15 coreutas (e as intervenções do Coro são momentos relevantes das tragédias).
A exposição de Marta Várzeas está, agora, voltada para dimensão estética por excelência: “o diálogo dramático é mais do que conversa. E, na poesia grega, a dimensão estética, o distanciamento pelo afastamento da linguagem habitual, saindo da vulgaridade do uso corrente da língua” é uma marca iniludível. “Uma língua própria se criou”. Elemento, este, “primordial”, “mundo outro, ficcional”, que exerce fascínio, seduz, e nos “leva”, ainda que “conscientemente”, “pela fantasia”. Em Sófocles, encontramos “um grande poder expressivo”, uma verdadeira “pregnância semântica”, onde “cada palavra possui um peso extraordinário”, obrigando o fracassado tradutor a reconhecer que “fica aquém da profundidade, densidade e beleza do original”. Sem que a gramática possa ficar arredada do debate, a constatação de que o grego em causa está para lá do singular e do plural, entrando nele a categoria do “dual”.
Mas é com filosofia que se despede Marta Várzeas. Como transmitir ao leitor de hoje, ao leitor de um tempo de eclipse, “de ausência ou morte de Deus” a “força da transcendência” presente na tragédia grega? Apesar de Sócrates, ainda antes do Cristianismo, e por outro lado, uma “ética grega” assente em “faz bem aos amigos e mal aos inimigos”, lógica entretanto superada (?). Na formulação de “o leitor de hoje” a nuance para com a prelecção precedente: se para Marta Várzeas o rigor e a fidelidade ao original são inquestionáveis, um acrescento de um passo, o sublinhar de uma mensagem para melhor ser recepcionada pelo leitor moderno – o passado edipiano que subjaz aos personagens e ao destino de Antígona, é a nota exemplar, a este propósito – pode fazer todo o sentido.

FREDERICO LOURENÇO

Ao moderador cabe (coube) a provocação, o agitar de águas. O conhecido tradutor e Professor Universitário regressou ao passado em que leccionou Antígona, confrontou essa memória com o espectáculo a que já assistira ali, no Porto, e levou às convidadas especiais e ao público – helenista – presente a interrogação: Porquê Antígona e não Creonte? Não será ele o herói trágico, sobre o qual se abatem todas as desgraças? Não é ele quem desencadeia, no fundo, toda a acção trágica que vemos desabar no proscénio da história? Quem é o protagonista, o personagem principal, afinal? Mas mais: de quem pretendia Sófocles de que se apiedasse o público? Antígona ou Creonte? Assim, exposta a vexata quaestio dessa tribo mundial, os sofoclianos. Marta Várzeas não desconhecia o debate académico. Mas “nunca” sentiu (não me passou despercebido o verbo empregue pela conferencista), da leitura e releitura de Antígona, que essa questão se colocasse. Pacífico, para si, o título escolhido pelo autor grego. Isto, “até ter visto” a representação ora em cena. Aí, já a indagação lhe assalta o espírito. Talvez opção da encenação na base das dúvidas. Que não, diz o encenador, Nuno Carinhas, que segue atentamente os argumentos. “Não procurei sobrevalorizar Creonte”. Ousa, então, a apropriação subjectiva: “para mim, a peça é um todo com um único personagem, que se vê reflectido em diferentes espelhos”. O problema, bom, o problema “é que Antígona sai muito cedo de cena. Vai embora muito cedo”. Morte precoce. E seria “impensável para mim” reintroduzi-la, morta, no palco. “Há sempre outras formas de encenar, claro”, mas opção estava feita. Maria Helena da Rocha Pereira puxa do álbum memórias e regressa á Alemanha, e ao grupo de teatro clássico formado em Coimbra que nela apresentou a peça, e ouviu “um especialista” germânico não apenas tecer rasgados elogios àquela formação portuguesa, como evidenciar o relevo atribuído, por ela, a Creonte. “Mas os meus colegas não acreditam na tese de que a tragédia é composta por duas partes, cada uma com seu herói, pois não?”. Resposta unanimemente negativa. Marta Várzeas, num excelente momento, em que o culto e a intocabilidade dos clássicos é posto á prova, em que estes são colocados em causa, afirmou mesmo que Creonte é, de entre os personagens trágicos, um dos que nos “é mais fácil não gostar”, “falta ali qualquer coisa” (ao personagem). Quer dizer, ouve o destino, “é assim”, “pronto”, “não há nada a fazer”, em suma, “não há elevação na queda”.
Passou-se, imediatamente, àquele período que um exaustivo estudioso de todos os… estudos de Antígona, George Steiner (autor de Antígonas, que Rocha Pereira não deixou passar em claro), diria ser o momento torre de marfim, caracterizado por uma pulsão ficcional forte, em que se envolve o intelectual – na sala, em número considerável – esquecendo o mundo real, e, no caso, lutando por – pelo bom nome de – Antígona.
Reportagem sem petit storie não ficaria completa. Á pergunta “que toda a vida” Frederico Lourenço, o tradutor de Filocletes, quis fazer “á doutora Rocha Pereira”, a saber, “tendo traduzido duas das tragédias de Sófocles, qual, das que por si não foram traduzidas, gostaria mais de ter traduzido?”, Maria Helena Rocha Pereira procurou, usando de humor, fintar o desafio. “Então, eu disse logo no início que não gostava de traduzir…”. Sorrisos e um silêncio embaraçante. Para o entrevistador que não repetiria a pergunta, para a entrevistada, por um momento acanhada com a perspectiva de perder a imparcialidade, a matriarca a escolher de entre um legado. Por fim, em voz baixa, como num instante de recolhimento, quase murmurando: “confesso que o meu tragediógrafo preferido é Ésquilo”.


Porto
Teatro Nacional de S. João
15 de Abril de 2010
Cerca de 70 pessoas (sobretudo professores e alunos de estudos clássicos, no Porto)
18h30 (início à hora)

Pedro Seixas Miranda

terça-feira, 13 de abril de 2010

Joana Borges e Daniel Filipe em destaque no Pentatlo Moderno

Joana Borges, aluna do 8ºC, irá representar a selecção portuguesa, em Barcelona, de 30 de Abril a 3 de Maio, na modalidade de Pentatlo Moderno. Destaca-se que esta aluna sagrou-se campeã nacional, no recente mês de Março.
Por sua vez, Daniel Filipe, aluno da mesma turma,como vice-campeão, também irá estar presente, em Barcelona.
Parabéns e felicidades!
Joana na prova de natação, em Aveiro.

Torneio de Damas - Resultados

O resultado do Torneio de Damas, realizado no dia 25 de Março de 2010, integrado na Semana Camiliana e organizado pela Mediateca, foi o seguinte:
1º - Filipe Correia (10ºE)
2º-Paulo Gomes (10ºE)
3º-Nuno Brás (11ºI)
4º- Daniela Lemos (10ºA)
5º- José Cunha (10ºB)
6º- Tiago Relvas(10ºB)

Bárbara Fontes representa o Distrito de Vila Real nas XV Olímpíadas do Ambiente

Bábabara Fontes, aluna da turma B, do 10 ºano, irá representar o Distrito de Vila Real nas XV Olimpíadas do Ambiente, a realizar no Faial, Açores, de 6 a 9 de Maio.
Como vencedora das duas eliminatórias" Ambiente à Prova", Bárbara Fontes obteve o passaporte para a sua presença nos Açores. Desde já, os nossos parabéns à Bárbara!

segunda-feira, 12 de abril de 2010

PARE, ESCUTE E OLHE

O documentário Pare, Escute e Olhe, de Jorge Pelicano, que há exactamente 15 dias podemos ver em Vila Real, antes mesmo de se estrear nas restantes salas do país, obra destinada a denunciar o tormentoso percurso por que foi e vai passando a linha (ferroviária) do Tua, e, através desse caminho penoso, mostrar o ostracismo político a que Trás-os-Montes vem sendo votado desde há muito, por diferentes desgovernos nacionais com a ajuda de uns tantos dirigentes regionais/locais, inscreve-se e deve poder ser lido à luz das mais recentes reflexões que o êxito que o género documental vem obtendo à escala global, vem gerando.
Assim, é de enorme utilidade e pertinência, a leitura de O Documentário ou a Desforra de Lumiére, quinto capítulo de O Ecrã Global, a mais recente obra de Gilles Lipovetsky
/Jean Serroy publicada em Portugal (Edições 70).
Vejamos a sistematização aí desenvolvida e confrontemo-la com a obra de Pelicano. Em primeiro lugar, Pare, Escute e Olhe participa da característica da ausência da tradicional “voz off que marcava uma autoridade”, e em certo sentido, “implicava um antigo estilo académico e pedagógico”. Ora, assinalam os ensaístas franceses, “assim recupera-se e prolonga-se o caminho dos grandes criadores do cinema do real que, interrogando a realidade por todos os meios – imagem, som, montagem – nunca confundiam a representação do mundo com uma aula de geografia”.
Um segundo aspecto que me parece comum a muito do género documental que hoje podemos ver nas salas de cinema e que está presente, igualmente, neste filme vencedor no doc Lisboa 2010 é o tom intimista. Neste documentário, esse tom é-nos dado, sobretudo, pelo bloco de apontamentos do autor, registo sensível de prosa poética, destinado a tocar, evidentemente, a emoção do espectador. À função de coordenação/encaixe/coerência da estrutura narrativa – apontamentos curtos, enxutos, directos, em vez da académica voz off – a solução encontrada tem, ainda, a vantagem de se aproximar, de se abeirar do espectador num sussurro enleante.
Em terceiro lugar, a diluição da fronteira realidade/ficção. A pura descrição, anódina, incolor, inodora, objectiva, fria, desaparece. Gostava aqui de dar como exemplo a corrosiva cena de uma habitante, idosa, de uma aldeia transmontana, prejudicada pela ausência do funcionamento da Linha do Tua – cujas sucessivas vagas de encerramento, reatamento, suspensão, reconstrução são verdadeira montanha…russa-transmontana – que estabelecendo diálogo telefónico com vista a obter, junto de alguém amigo, a medicação de que carece, vê surgir, no ecrã, do outro lado da linha, um governante – a ironia, refinada ali, de alguém que o autor denuncia ter esquecido/ignorado/desprezado uma região e seus habitantes ter atendido o telefone e, deste modo, ligado a uma anónima desesperada, lá no inifinito transmontano, temendo pela saúde…Para Lipovetsky/Serroy, “durante muito tempo, o documentário, tal como figurava na primeira parte das sessões de cinema, com uma reportagem sobre a pesca da sardinha ou sobre as danças folclóricas do Tirol (…) limitou-se ao que poderíamos chamar o seu grau zero: o da reportagem, o da descoberta neutra, anónima, ingénua, sem subjectividade, não reivindicando nenhum ponto de vista, a não ser o de quem sabe e que mostra a quem não sabe. Em relação a esta forma primitiva do género, aquilo que os grandes documentaristas introduziram, ao longo de toda a sua história, foi a noção do olhar. Um documentário torna-se, portanto, um olho acrescentado à câmara, uma escolha de ângulo e enquadramento, uma ciência do corte e da montagem que representa o mundo, interrogando-o, mostrando o que está por baixo, por vezes demasiado visível e que um olho comum não vê. O seu olhar é, então, assumidamente artístico”. Se Susan Sontag, em Olhando o sofrimento dos outros, coloca a questão ontológica da fotografia, o que é a foto, para que serve, o que esperamos dela – nomeadamente em contraponto com a pintura – Lipovetsky/Serroy investigam a relação documentário-realidade-verdade. A sua abordagem é a da complexidade e é ela que nos importa na densificação do nosso olhar (desde logo, para Pare, Escute e Olhe): “Não nos iludamos: se sempre houve na ficção elementos de real, houve sempre, igualmente, no documentário, elementos de ficção. Evidentemente que não existem dois cinemas heterogéneos, substancialmente diferentes, porque a única categoria operatória verdadeira é, aqui, a da narrativa. Nenhum filme pode escapar à dimensão primeira, irredutível, da escrita. Simplesmente, o documentário tem a especificidade de contar a realidade”.
Quarta lição a apreender da conceptualização de O Ecrã Global subsumível ao caso concreto: os personagens, ainda que reais personagens, já não são aqueles que faziam as delícias dos vendedores de posters – para afixar no quarto lá de casa ou estampar na próxima t-shirt de Verão. Hoje a estrela é-me próxima, banal, igual a mim. “Agora, a estrela está perto de mim, ela já não é o outro intocável e dissemelhante como eram as estrelas quase divinizadas de Hollywood: Jean-Pascal e não Valentino, Loana e não Greta Garbo”. Se atentarmos em Pare, Escute e Olhe, depararemos com um personagem principal – se escaparmos ao colectivo “povo transmontano” como categoria máxima da película, o que se nos afiguraria politicamente correcto, mas não revelaria parte da estratégia fílmica utilizada – de que nem o nome sabemos. Reformado da CP, espontâneo e genuíno, brincalhão, um cromo – bom – do Portugal transmontano. E porquê esta insistência nos personagens iguais a nós, e não já a fixação nos divinos, imortais de outrora? Aqui, a escrita de O Documentário ou a desforra de Lumiére, parece perder uma das mãos e é sobretudo o que a traço grosso já sublinháramos de Lipovetsky em A Era do Vazio (e que a cores berrantes ressurge no recentíssimo A Cultura-Mundo) que ressalta de novo: “a sociedade do indivíduo extremo criou o desejo de nos encontrarmos e de nos reconhecermos nos espectáculos filmados, de ver de uma outra maneira o que somos e o que vivemos”.
Os quinto e sexto elementos que gostaria de relevar estão intimamente ligados. A militância de que o documentário vive e, simultaneamente, a sua pretensão de desmistificação de um dado objecto de que se ocupa. Pare, Escute e Olhe é um filme declaradamente militante. Em favor do abandonado povo transmontano, contra o despovoamento da região, o esquecimento dos mais frágeis (os mais velhos e os mais pobres…algo que tantas vezes vimos acumulado na mesma pessoa; os que não têm automóvel, nomeadamente) pelo poder político, as promessas múltiplas, repetidas e nunca concretizadas, o provincianismo das elites nacionais (os trinta segundos filmados entre José Sócrates e António Mexia são demolidores…para os próprios, com a frase do primeiro ministro “aqui só falta cimento…” e o seu olhar de auto-comprazimento a ilustrarem como nunca o complexo pombalino e o Portugal dos Pequeninos de que fala Miguel Real em A morte de Portugal), os traidores locais…
Face á opção manutenção da linha do Tua vs Construção de Barragem, o autor assume claramente o lado da barricada: está a favor da manutenção da linha e contra a construção da barragem. Não poupa argumentos e personagens que os defendam. Não se nega, de modo algum, ao autor, como atrás fica dito, a tomada de posição, a subjectividade do olhar, aliás enriquecedor para o documentário e até para o espaço público (latu senso). A questão está em que sendo o documentário tão contundentemente parcial, obnubilando, em boa verdade, quaisquer tipos de argumentos sérios contrários à tese que esgrime, pode colocar em causa a adesão – como parece ser um dos objectivos do autor – de um público exigente que gostaria, também, de ver superada a prova de um contraditório mais claro. Não para equivaler argumentos, não para igualar minutos na controvérsia (á lá ERC); mas para que uma dada posição, o tal olhar singular – eminentemente político – tivesse um respaldo mais robusto. Não me espantou, confesso, a pergunta de Carlos Vaz Marques, no Pessoal e Transmissível, da TSF, a Jorge Pelicano, por eventuais pontos de contacto entre o seu cinema e o de Michael Moore. A apresentação claramente dicotómica – Linha vs Barragem; quase sem espaço para a terceira via da compatibilização de ambas; o maniqueísmo a partir daí; posições de agentes políticos em curtos excertos, passíveis, pois, de manipulação (de contexto);a omissão da perspectiva contrária á que se propugna, eis, pois, um conjunto de traços que poderiam estabelecer pontes – e, diríamos, fragilidades – entre os referidos autores. E, assim, aquilo a que Lipovetsky chama “prémio de satisfação reflexiva”, quer dizer, aquela sensação com que saímos da sala de cinema, aquele bem-estar de superioridade moral e de inteligência, aptos que estamos a desmontar as maiores ignomínias tecidas por trás do palco (da história, da política…) revela-se, por vezes, manto diáfano de fantasia…e simplismo: “o neodocumentário oferece ao seu público uma satisfação particular: a desmistificação, a denúncia das mentiras, o prazer de sair da caverna das ilusões. Preenche a necessidade do indivíduo contemporâneo de se sentir um sujeito livre, pensante e crítico num sistema que o impele a consumir sem parar (…) O perigo, naturalmente, é o de que esta desmistificação seja ela mesma uma mistificação”.
A partir do filme – que, já agora, convém ver – de Jorge Pelicano, fica ainda a interrogação maior, porquê o sucesso do (género) documentário (?), ou melhor, como o documentário nos explica (?), e a proposta de descodificação de Gilles Lipovetsky: “o crescimento do documentário aparece como uma resposta ao desaparecimento das grandes referências colectivas do bem e do mal, do justo e do injusto, da direita e da esquerda, assim como do desaparecimento das grandes visões para o futuro. Sem o lastro de grelhas macroideológicas a apontar o sentido da História, são as «pequenas» histórias, são todas as realidades micro e macro do mundo humano-social que ganham uma nova dignidade. Mas, órfãs das ideologias heróicas, as nossas democracias tornaram-se, ao mesmo tempo, democracias de desorientação, de insegurança e de decepção. Neste contexto de desestabilização das referências e de vazio ideológico, os factos apresentados pelo documentário substituem os sistemas de interpretação global, agora desprovidos de «realidades» imediatas mas fortes, ancoradas numa certa dimensão de factualidade. Os documentários oferecem pequenas ilhas de terra firme e sólida que tanta falta fazem aos nossos contemporâneos. Os filmes do real, tal como proliferam nos ecrãs, têm uma base comum que os torna facilmente ecuménicos. O que os fundamenta é a ideologia dos direitos do homem, alargada aos direitos da terra – protecção das espécies, preservação dos recursos naturais. Cinema de protecção com o qual toda a gente só pode estar de acordo, ele responde á sagração dos direitos do homem assim como a uma insegurança social e ecológica crescente (…) Quando já não há grandes mitos mobilizadores, resta conhecer melhor o presente para rectificar os seus desvios e excessos; quando já não se acredita nas utopias sociais, resta o refúgio num passado imaginário e idealizado; quando já não se espera revolucionar o mundo actual, este é mostrado e auscultado de perto como sendo a única coisa que nos resta para amar, detestar ou corrigir”.
Que o ciclo de cinema documental que a UTAD nos propõe para o início de Maio contemple já este conjunto de reflexões verdadeiramente contemporâneas (Manuel Maria Carrilho, DN, 08/04/10), para que de Vila Real também possa partir um cinema e um documentário cada vez mais exigentes, adultos, inteligentes e belos. E, porventura, um documentário que contemple um minimalismo e uma complexidade que a um tempo evite e a outro desminta, o peso excessivo em nós e no nosso tempo – e em nosso entender, um tanto desproporcionado - e o simplismo que o filósofo francês lhe atribui.


Pedro Seixas Miranda

domingo, 11 de abril de 2010

Raiz de Brinquedo II



Poderá visitar esta exposição até ao final de Maio, no Centro de Memória de Torre de Moncorvo. Daniel Descomps, num texto sobre o processo criativo, refere o trabalho de João P.V. da Costa :

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Raiz de Brinquedo

No próximo sábado, 10 de Abril, pelas 16.00 horas, será aberta ao público a exposição de brinquedos naturais "Raiz de Brinquedo", de João P.V.Costa, no Centro de Memória de Torre de Moncorvo.

Voe até lá!

"O Trigo dos Pardais" de Isabel Mateus

A sessão de apresentação do livro O Trigo dos Pardais (contos), de Isabel Mateus, terá lugar no dia 14 de Abril de 2010, pelas 21h30, no Auditório da Biblioteca Municipal Dr. Júlio Teixeira. Apresenta a obra Maria da Assunção Anes Morais.
Isabel Mateus colaborou no recente número do Boletim Cultural com "Brincadeiras Proibidas", um conto ligado à temática da emigração.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Solidariedade com o Rio de Janeiro

Foto: Trás-os Montes - Torre de Moncorvo- Abril de 2010
Cores de esperança num momento difícil para uma cidade maravilhosa.

Parceria com "O Alves" de Vila Franca de Xira

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segunda-feira, 5 de abril de 2010

Convite - Partilha de Informação com o Jornal Digital da Escola Secundária Alves Redol

O nosso Jornal, O Alves, tem a missão de fazer chegar à nossa comunidade educativa a informação mais pertinente das actividades que decorrem na nossa escola. Pretendemos também divulgá-las em outros meios e integrar iniciativas e actividades de outras escolas no nosso blogue
Vimos, assim, convidar-vos, blogue do Jornal “À Procura”, a partilhardes connosco as vossas actividades, que fazemos questão de publicar no nosso blogue www.digitAlves.blogspot.com, . Nós dar-vos-emos novas da nossa escola. Tudo no âmbito do intercâmbio interescolar.
Assim, no vosso blogue divulgais notícias da nossa terra, da nossa gente, bem como outras notícias mediáticas que por aqui vão acontecendo, nós, no nosso blogue, divulgamos notícias da vossa terra.
A partilha de saberes e de culturas permitirá aproximar-nos dentro do país a que todos pertencemos, como forma de alargarmos os nossos horizontes culturais, de travarmos novos conhecimentos e de fazermos novas amizades.
Este ano, “O Alves” terá já a sua 5ª Edição, pelo carnaval, de que fazem parte os seguintes marcadores: A Escola e a Comunidade; Escrever Ciência; Entretenimento e Tempos Livres e Desporto.
Já sabes, visita-nos e partilha connosco as tuas ideias!

Texto
Jornal Digital Alves

Acção de Sensibilização - Deficiência Visual

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