Divulgação informativa e cultural da Escola Secundária/3 Camilo Castelo Branco - Vila Real

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

António Aleixo


António Aleixo ( Vila Real de Santo António, 18 de Fevereiro de 1899 – Loulé 6/11/1949 ).


Foi guardador de cabras, cantor popular de feira em feira, soldado, polícia, tecelão, servente de pedreiro e “poeta cauteleiro”, mestre do improviso. Apesar de semi-analfabeto deixou-nos um legado de sabedoria popular intemporal. Efectivamente, as suas reflexões genuínas reflectem a sensatez do povo que continua “a dar cartas” no domínio da pedagogia, pois, mesmo desprovido de “sabedoria livresca” revela-nos verdades que continuam e perdurarão enquanto o Homem for o que é. De "Este livro que vos deixo" aqui ficam algumas delas:

Os novos que se envaidecem
Pelo muito que querem ser
São frutos bons que apodrecem
Mal começam a nascer.

Os que bons conselhos dão
Às vezes fazem-me rir
Por ver que eles mesmos são
Incapazes de os seguir.

Vemos gente bem vestida,
No aspecto desassombrada;
São tudo ilusões da vida
Tudo é miséria dourada

Para triunfar depressa
Cala contigo o que vejas
Finge que não te interessa
Aquilo que mais desejas.

São parvos, não rias deles,
Deixa-os ser, que não são sós:
Às vezes rimos daqueles
Que valem mais do que nós

Há luta por mil doutrinas.
Se querem que o mundo ande,
Façam das mil pequeninas
Uma só doutrina grande

O mundo só pode ser
Melhor do que até aqui,
Quando consigas fazer
Mais p'los outros que por ti!

Tu, que tanto prometeste
Enquanto nada podias,
Hoje que podes - esqueceste
Tudo o que prometias...

Quem me vê dirá: não presta,
Nem mesmo quando lhe fale,
Porque ninguém traz na testa
O selo de quanto vale…

Enviado por Brízida Azevedo

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