António Aleixo ( Vila Real de Santo António, 18 de Fevereiro de 1899 – Loulé 6/11/1949 ).
Foi guardador de cabras, cantor popular de feira em feira, soldado, polícia, tecelão, servente de pedreiro e “poeta cauteleiro”, mestre do improviso. Apesar de semi-analfabeto deixou-nos um legado de sabedoria popular intemporal. Efectivamente, as suas reflexões genuínas reflectem a sensatez do povo que continua “a dar cartas” no domínio da pedagogia, pois, mesmo desprovido de “sabedoria livresca” revela-nos verdades que continuam e perdurarão enquanto o Homem for o que é. De "Este livro que vos deixo" aqui ficam algumas delas:
Os novos que se envaidecem
Pelo muito que querem ser
São frutos bons que apodrecem
Mal começam a nascer.
Os que bons conselhos dão
Às vezes fazem-me rir
Por ver que eles mesmos são
Incapazes de os seguir.
Vemos gente bem vestida,
Às vezes fazem-me rir
Por ver que eles mesmos são
Incapazes de os seguir.
Vemos gente bem vestida,
No aspecto desassombrada;
São tudo ilusões da vida
Tudo é miséria dourada
Para triunfar depressa
Cala contigo o que vejas
Finge que não te interessa
Aquilo que mais desejas.
São parvos, não rias deles,
Para triunfar depressa
Cala contigo o que vejas
Finge que não te interessa
Aquilo que mais desejas.
São parvos, não rias deles,
Deixa-os ser, que não são sós:
Às vezes rimos daqueles
Que valem mais do que nós
Há luta por mil doutrinas.
Se querem que o mundo ande,
Façam das mil pequeninas
Uma só doutrina grande
O mundo só pode ser
Há luta por mil doutrinas.
Se querem que o mundo ande,
Façam das mil pequeninas
Uma só doutrina grande
O mundo só pode ser
Melhor do que até aqui,
Quando consigas fazer
Mais p'los outros que por ti!
Tu, que tanto prometeste
Enquanto nada podias,
Hoje que podes - esqueceste
Tudo o que prometias...
Quem me vê dirá: não presta,
Nem mesmo quando lhe fale,
Porque ninguém traz na testa
O selo de quanto vale…
Enviado por Brízida Azevedo
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