Pareciam
bandos de pardais à solta, os putos…
Na
tarde de dia 17 de Março, no centro da nossa cidade, instalou-se um
desassossego pouco comum. Não raras pessoas paravam, olhavam e tentavam
adivinhar o que fazia correr tantos grupos de jovens, rapazes e raparigas de
papel e caneta na mão, algumas vezes entrando e saindo de estabelecimentos
comerciais, com a brevidade de quem vê o tempo a fugir. Outras, detendo-se,
interrogativamente e com pressa, frente a um edifício, a uma placa ou a um
cruzamento. Por vezes, as pessoas eram por eles abordadas. Queriam saber coisas
estranhas como onde se situava o palácio dos marqueses de Vila Real ou o que
procuravam os filósofos pré-socráticos. Achada e registada, ou não, a resposta,
a correria continuava, no meio de orientações e indicações contraditórias, cada
um tentando fazer valer a sua certeza, numa inquietação e alvoroço próprios,
não só da sua idade mas também de quem quer fazer depressa e bem.
E,
pelo menos a um dos transeuntes, a correia destes jovens pareceu-lhe, tal e
qual, a inquietude de que fala aquela canção de tempos idos, mas ainda atual.
Parecem bandos de pardais à solta, os
putos…são como índios, capitães da malta…
De
onde teriam sido soltos estes pardais?
Por
quem corriam estes putos?
Por
quê as interrogações destes índios?
Os
pardais, cerca de três centenas e
meia de alunos do ensino básico e secundário, foram soltos das salas de aula do
Liceu.
Os
putos corriam pela Escola Secundária
Camilo Castelo Branco, dando vida ao peddy-paper, um hábito que ameaça
juntar-se às várias e ricas tradições de um senhor
que conta já 176 anos, o nosso Liceu.
Esta atividade, organizada pela cooperação entre professores de Geografia,
História, Economia, Inglês, Educação Física, Matemática e Filosofia, tem sido
realizada ininterruptamente nos últimos anos, durante a comemoração do dia do
patrono da Escola.
Estes
índios interrogavam-se na busca de
conhecimentos sobre a nossa cidade. Tinham que mostrar que também sabiam olhar
com olhos de ver para lugares pelos quais passavam todos os dias e os quais,
afinal, tinham segredos por descobrir. Tinham que mostrar que, afinal, os seus
saberes académicos permitiam-lhes observar cada cantinho da nossa cidade com
outros olhos de ver. E, cada bando, teria que mostrar que conseguia fazer
melhor e mais rápido. Afinal, tudo isto era um jogo. Um jogo, do qual todos
saíram mais sábios e mais capazes. Tal e qual o que acontece nas salas de aula.
Só que, desta vez, a sala de aula transbordou os muros do Liceu e estendeu-se pela cidade.
A
atividade foi um sucesso e os professores estão orgulhosos pela forma ordeira e
responsável como os alunos se comportaram.
Estão
todos de parabéns, com particular destaque para os alunos das equipas mais
vencedoras, que conquistaram o primeiro lugar.
-
No ensino Básico, O Gang dos Frescos,
do 9ºD, equipa constituída pelos alunos Nuno Brandão, Carina Matos e Helena
Carvalho.
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No ensino Secundário, As Invictas, do
10ºC, equipa constituída pelas alunas Bárbara Ribeiro, Bianca Varandas, Sofia
Rodrigues e Tatiana Vilela.
A divulgação prévia.
Os vencedores: à direita,vencedores do Ensino Básico; à esquerda, vencedores do Ensino Secundário.
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