ESCCB no
Parlamento Jovem
Eram sete e quinze da manhã e já todos os elementos do pequeno, mas
motivado contingente dos “parlamentares” vila-realenses estavam concentrados
junto ao Hotel Miracorgo. Depois de alguma espera e cumprindo o típico atraso
português, eis que cerca das oito horas chega o autocarro que desde terras de Bragança
transportava os nossos colegas que, connosco (deputados Maria Beatriz Patarata,
Sérgio Bastos e jornalista Carlos Matos), mais três ilustres representantes de
Chaves (Escola Secundária Fernão de Magalhães) e Mesão Frio (Escola Secundária
Professor António da Natividade) iriam defender a causa do “ Ensino Público/
Ensino Privado”.
Depois de acondicionada a bagagem no autocarro, partimos imediatamente
rumo a Lisboa, via Régua, para “ recolhermos “ os ditos colegas, o que nos
permitiu ter o privilégio de usufruir das paisagens vitivinícolas, oferecidas
pelo “ reino maravilhoso” do Douro.
A viagem foi vivenciada de forma muito diversificada pelos diferentes
elementos da comitiva: enquanto uns aproveitaram para encetar e ou aprofundar
relações de conhecimento e amizade, com os companheiros de viagem e de causa,
verbalizando conversas mais ou menos sérias, contando anedotas, mais ou menos
picantes, ou soltando gargalhadas, mais ou menos estridentes, outros optaram
por dar continuidade a um sono abruptamente interrompido, por um despertador
sadicamente precoce.
Certo é que por volta das onze
e quarenta e cinco abancamos por terras de Pombal, tendo parado ainda pelo meio
em Lamego e também Viseu, para confortar o estômago e esticar as pernas meio
entorpecidas pela viagem. Devorados os petiscos, empurrados por uns decilitros
de sumo, depressa seguimos viagem, pois o relógio, não perdoa e a jornada era
séria e longa.
De qualquer modo, com mais menos sono e mais ou menos conversa, o
certo é que à hora do almoço, mas com o atraso que enquanto lusos nos
caracteriza, estávamos em Lisboa! Estávamos na capital, onde repusemos energias,
com o almoço que as nossas mochilas nos conseguiram proporcionar!
Estávamos, mais do que nunca, preparados de corpo e alma, para entrar
no Palácio de S. Bento, na Assembleia da República, da nossa res publica! A casa da Democracia! O
nosso destino!
Aqui fomos recebidos por simpáticos e atenciosos funcionários da
Assembleia e colaboradores deste projeto “ Parlamento dos Jovens”, que este ano
comemora a sua 20ª edição, uma data imponente que influenciou a logística com
que decorreram as atividades.
Como gente trabalhadora, empenhada, com espírito de sacrifício que
somos e, apesar das sete massacrantes, longas e intermináveis horas de viagem
que nos foram exigidas, mal chegámos ao deslumbrante Palácio de S. Bento não
houve qualquer tempo de descanso! Os deputados dirigiram-se para as respetivas
comissões, enquanto os jornalistas procuravam acompanhar o que se passava um
pouco em cada uma das salas, o que acabou por se revelar uma tarefa bastante
árdua e um esforço quase ingrato.
Foram organizadas quatro comissões constituídas cada uma por 32
deputados, sendo a 1ª Comissão constituída por deputados dos círculos de
Bragança, Évora, Faro, Fora da Europa, Madeira , Porto , Viana do Castelo, Vila
Real e Viseu; a 2.ª Comissão por deputados dos Açores, Aveiro, Braga, Leiria,
Portalegre, Porto e Vila Real. Já a 3.ª Comissão tinha na sua constituição
deputados que representavam os distritos de Aveiro, Braga, Castelo Branco,
Coimbra, Lisboa, Santarém e também duas deputadas da Europa. Por fim, a 4.ª
Comissão tinha deputados dos Açores, Beja, Coimbra, Guarda, Leiria, Setúbal,
Viana do Castelo e Viseu. Nas 1.ª e 4.ª Comissões foram debatidos seis projetos
de recomendação, enquanto nas 2.ª e 3.ª Comissões foram explorados cinco projetos.
Em todas estas se verificou um intenso, mas saudável debate, em que o respeito
entre todos os deputados foi uma constante, tendo tal facto sido um catalisador
da crítica construtiva e de um possível acordo entre todos. De destacar neste
capítulo que na 2.ª Comissão, presidida pelos senhores deputados Duarte Marques, Partido Social
Democrata (PSD) e Pedro Delgado Alves, Partido Socialista (PS), mais
concretamente dos círculos de Vila Real, Braga e Aveiro, se verificou uma
eficaz troca de ideias, sendo todas as justificações apresentadas de grande
nível e expostas com uma qualidade soberba por todos os deputados, culminando
num excelente debate, não só entre os círculos destacados, como também entre os
restantes aí presentes.
Perto das 15: 30 h, os jornalistas abandonaram as salas das comissões
para realizar a visita guiada aos Passos Perdidos do Palácio de S. Bento. Aqui
foi-lhes dada uma breve explicação da história do Palácio, cujas origens
remontam a finais do séc. XVI (1598), época em que os monges da Ordem de S. Bento
iniciaram a construção de um mosteiro.
De seguida, foi proporcionado um programa Cultural, dirigido a todos
os participantes (deputados, jornalistas e professores), protagonizado pelo
humorista Jorge Serafim, que adaptou a sua representação à plateia, entoando
palavras de força, coragem e persistência nos objetivos e sonhos de cada um.
Posteriormente, seguiu-se um delicioso e bem merecido jantar nos
belíssimos Claustros do Palácio, após o qual as comitivas se separaram, tendo
chegado ao alojamento perto das 21:30 h.
Durante a noite, reinaram a boa disposição e o convívio entre os
diferentes círculos de deputados, o que permitiu fomentar as relações de
amizade, a partilha de conhecimento, opiniões e experiências.
No dia seguinte, por voltas das 8:15, os autocarros foram invadidos
por uma multidão de jovens ensonados que tentava aproveitar a curta deslocação
até à Assembleia da República (AR), para matar o “moscardo”, o sono.
Como este ano o projeto “Parlamento dos Jovens” fazia o seu 20.º
aniversário, foi decidido que o Plenário da Sessão Nacional iria ser realizado
na Sala das Sessões, algo inédito até este ano. A abertura solene deste
Plenário coube a Júlio Miranda Calha, Vice-Presidente da Assembleia da
República, sendo a Mesa da Sessão Nacional constituída pela Presidente, Lara
Lopes (Viana do Castelo), o Vice-Presidente, Mamede Fernandes ( Évora) e pelos
Secretários da Mesa, Joaquim Nolasco Gil ( Aveiro) e Paulo Carlos ( Coimbra).
Depois, seguiu-se um período de perguntas realizadas pelos diferentes
círculos, dirigidas aos deputados da AR, em representação dos Grupos
Parlamentares.
Após a resposta às questões, iniciou-se o debate do Projeto de
Recomendação à Assembleia da República de medidas sobre o tema, tendo os
jornalistas a oportunidade de entrevistar os senhores deputados presentes.
Perto das 12:00 h, realizou-se a conferência de imprensa presidida pelo
deputado Pedro Pimpão (PSD), tendo este sido “inundado” por uma grande
quantidade de perguntas, de tal maneira que, no final, ficou a sensação que
havia muito mais para dizer e questionar.
Os Claustros acolheram mais uma refeição, desta vez, o almoço e, sem
mais demoras, às 14 h, iniciou-se a conclusão e a votação final da Recomendação
que iria ser proposta ao Parlamento. No final, foram aprovadas dez medidas.
Por fim, deu-se o Encerramento da Sessão Nacional do Parlamento dos
Jovens, pelo senhor deputado Pedro Pimpão. No final do seu discurso e quase de
forma espontânea, todos os presentes levaram a mão ao peito e entoaram “ A
Portuguesa”, num momento de grande emoção.
Em suma, ficou bem patente em
mais uma edição do projeto “ Parlamento dos Jovens”, que há esperança. Numa
altura em que se aborda tanto o assunto do desinteresse do exercício político e
cívico, estes jovens demonstraram que existem realmente indivíduos que se
preocupam com o estado da sua Nação e têm um papel ativo na exposição das suas
ideias numa tentativa de melhorar aquilo que está implementado atualmente. Há
dinâmica, interesse e preocupação nos adolescentes, sendo estes aspectos
despertados e fomentados por este projeto. Assim ao existirem jovens, existe
também Futuro. Tal se viveu nos memoráveis dias 25 e 26 de maio, em prol da
melhoria deste jardim à beira mar plantado.
Carlos Miguel Loução Lêdo de Matos
Escola Secundária/3 Camilo Castelo
Branco
N.º 26, 10.º D
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