O meu irmão Tiago e eu andávamos, desde o
mês passado, colados a um novo programa de televisão que passava todas as
noites na TVI. O programa consistia em partidas, ou seja, as pessoas ligavam
para a TVI e pediam que os “jornalistas” que eram atores, pregassem partidas
aos seus amigos, os gravassem e entrevistassem após essas mesmas partidas.
Eu e o meu irmão ríamo-nos imenso da cara de parvos que faziam as pessoas que
caíam nas partidas e no quanto se divertiam os atores.
Contudo, nessa semana não íamos poder ver o tal programa porque eram as férias
de verão e íamos passá-las num castelo em Arezzo, na Itália, e tínhamos
descoberto que o castelo não possuía televisão. Como é óbvio, estávamos
tramados e ainda por cima uma senhora disse que o castelo próximo da vila era
assombrado.
A semana seguinte chegou e lá partimos nós com os nossos pais. Os dias foram
passando e lá nos fomos entretendo, dando longos passeios, correndo e andando
de bicicleta.
Numa determinada noite, os nossos pais decidiram ir sozinhos ao cinema local
que era um pequeno teatro abandonado e que agora servia de cinema, deixando-nos
aos dois em casa. Ficámos eufóricos, pois tínhamos decidido montar as nossas
tendas na sala e comer pizza durante toda a noite, enquanto jogávamos joguinhos
de tabuleiro ou na nossa Nintendo.
E assim foi. Contudo, a meio da noite,
estávamos a pensar em dormir, quando começou a aparecer um líquido vermelho no
chão que parecia sangue e, momentos depois, as luzes apagaram-se. O Taylor
começou a gritar como uma menina e eu, embora estivesse assustado, tentei
perceber o que se estava a passar.
De repente, a porta da sala
abriu-se e apareceu um casal de fantasmas e começaram a dizer que tinha chegado
a nossa vez. Gritamos a plenos pulmões, mas fomos interrompidos com o barulho
da chave a rodar na porta principal – eram os nossos pais que tinham acabado de
chegar.
As luzes, o barulho, tudo tinha acabado. Contámos tudo aos nossos pais, mas
eles não acreditaram em nós. Disseram que era tudo imaginação e riram-se. Fomos
todos deitar-nos e, desta vez, não ficámos nas tendas na sala, mas sim no
quarto que partilhávamos.
Mal nos deitámos, começaram novamente os barulhos e as luzes e fomos a correr
ter com os nossos pais que nos levaram para a sala. O ruído e a luz continuaram
durante mais uns minutos, até que tudo parou e começámos a ouvir risos que
provinham do jardim.
Abrimos a porta que dava para o jardim e demos de caras com os “jornalistas” e
os seus colegas do nosso programa favorito. Eles explicaram-nos que aquilo tudo
não tinha passado de uma partida e que tinha sido a pedido dos nossos pais.
Daniel Vilela e Daniela Gonçalves - 10.º I Vocacional - 2015
Este texto foi produzido na aula de
Português, após a audição do início do conto homónimo de Gabriel García Márquez
que a seguir se transcreve:
Chegámos a Arezzo pouco antes do meio-dia e perdemos mais de duas
horas à procura do castelo renascentista que o escritor venezuelano Miguel
Otero Silva comprara naquele recanto idílico da campina toscana. Era um domingo
de princípios de agosto, ardente e buliçoso, e não era fácil dar com alguém
que soubesse fosse o que fosse no meio das ruas a abarrotar de turistas. Ao
cabo de múltiplas tentativas inúteis, regressámos ao automóvel, saímos da
cidade por um caminho de ciprestes, sem sinais de trânsito, e uma velha
guardadora de gansos indicou-nos com precisão o local onde ficava o castelo.
Antes de se despedir de nós, perguntou-nos se pensávamos pernoitar por lá e
nós respondemos-lhe, segundo o que prevíramos, que íamos só para almoçar.
- Menos mal - disse ela - porque a casa está assombrada.[…]
Pode-se ler o conto na íntegra aqui:
Imagem: http://images.forwallpaper.com/files/thumbs/preview/58/581417__haunted-house_p.jpg
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