“Construindo pontes entre os pensamentos globais e as
acções locais”
O Conselho Internacional de Ciências (ICSU), o Conselho
Internacional das Ciências Sociais (ISSC) e o Conselho Internacional de
Filosofia e Ciências Humanas (CIPSH), anunciaram hoje, em conjunto, que 2016
será o Ano Internacional do Entendimento Global (IYGU). O objectivo do IYGU é a
promoção de um melhor entendimento sobre o impacto global das acções locais,
para estimular políticas inovadoras que respondam aos desafios globais, como as
mudanças climáticas, a segurança alimentar ou as migrações.
“Queremos construir pontes entre os pensamentos globais e
as acções locais”, afirmou o Prof. Benno Werlen da Universidade Friedrich
Schiller, de Jena, na Alemanha. “Só quando compreendermos verdadeiramente as
consequências das nossas escolhas pessoais no planeta – por exemplo quando
comemos, bebemos e produzimos – é que poderemos fazer mudanças adequadas e
efectivas”, disse Werlen, iniciador deste projecto da União Geográfica
Internacional (IGU).
Como integrar os conhecimentos científicos nos estilos de
vida, tornando-os mais sustentáveis, será o foco principal das actividades em
2016 – projectos de investigação, programas educativos e campanhas de
informação. O projecto visa ir mais além do campo restrito da protecção
ambiental e das políticas sobre o clima, abordando os temas da qualidade de
vida e da sustentabilidade e uso dos recursos locais no longo prazo.
“Vivemos no mundo mais interligado da
História. No entanto, ao mesmo tempo esse mundo é dilacerado por conflitos,
deslocações e incertezas – uma mistura, instável e perturbante, de enormes
oportunidades e de riscos existenciais”, disse Lord Anthony Giddens, antigo Diretor
da London School of Economics, no Reino Unido. “Encontrar um equilíbrio
positivo vai exigir uma revisão intelectual dos fundamentos e novas formas de
colaboração, como as que o IYGU propõe”, acrescentou.
“O desenvolvimento sustentável é um desafio global, mas
atingi-lo requer uma transformação do local – a forma como cada um de nós vive,
consome e trabalha. Ao mesmo tempo que as negociações globais sobre o clima
enfrentam a questão da crise de sustentabilidade a partir de cima, o IYGU complementa-as
de forma muito bela através da coordenação de soluções a partir de baixo – levando as pessoas a entender e a
modificar os seus hábitos quotidianos. Esta dupla abordagem aumenta as nossas
hipóteses de sucesso contra esta crise, a mais grave que a Humanidade já
enfrentou”, disse o ex-Presidente do ICSU e Prémio Nobel Yuan-Tseh Lee.
Por exemplo, em cada dia em 2016, o IYGU irá destacar uma
mudança numa acção quotidiana que a ciência tenha comprovado ser mais
sustentável do que as práticas actuais. Exemplos da vida quotidiana que tomam
em conta a diversidade cultural e as práticas locais serão compilados e
disseminados. “Hoje, mais do que nunca, é vital que encontremos a força para
entender e relacionar as posições, pensamentos e expectativas dos outros, e
procuremos o diálogo em vez da confrontação.”, disse Klaus Toepfer, Director
Executivo do Instituto para os Estudos Avançados sobre Sustentabilidade (IASS).
Espera-se que este foco em acções locais, concretas, gere
ideias de programas de pesquisa e curricula escolares, bem como que destaque
exemplos das melhores práticas. Sempre que possível, as actividades devem ser
comunicadas em diversas línguas. Usando esta abordagem de baixo para cima, o
IYGU espera apoiar e ampliar o trabalho de iniciativas como Future Earth, a
Agenda das Nações Unidas para o Desenvolvimento Pós-2015 e a Década das Nações
Unidas pela Educação para o Desenvolvimento Sustentável.
“No Ruanda, a poluição ambiental com lixo de plástico era
um problema disseminado e insuperável. Finalmente, foi o entendimento de que o
plástico é prejudicial para os animais ruminantes, em especial as vacas, que
mudou a tendência a favor da legislação ambiental. Isto levou à proibição de
objectos de plástico que gerem lixo. Hoje, é preciso esforço para encontrar
plástico a poluir as áreas públicas do Ruanda”, disse Werlen.
O envolvimento do ISSC, do ICSU e do CIPSH no IYGU
testemunha uma ampla colaboração entre as ciências naturais e sociais e as
Humanidades, através de fronteiras disciplinares e entre todos em todo o mundo.
Em 2016, o programa do IYGU será coordenado por cerca de
50 Centros de Acção Regional. Esta rede está actualmente a ser estabelecida em
cidades como Tóquio, Washington, São Paulo, Tunis, Moscovo e Roma, estando já
confirmados os Centros, de alcance regional e continental, em Beijing, Cidade
do México, Mação/Coimbra, Nijmegen, Hamilton, Bamako e Kigali. A secretaria
geral do IYGU em Jena, Alemanha, coordenará estes Centros de Acção Regional.
Como referiu o Doutor Eliezer Batista, pioneiro da
sustentabilidade e co-fundador do World Business Council for Sustainable
Development (WBCSD), “O
conhecimento é o factor que nos leva a mudar a nossa forma de pensar. No
entanto, é o entendimento que leva à mudança de atitudes. O IYGU coloca sua
ênfase na diversidade dos caminhos culturais que levam à sustentabilidade
global. E em como só a mudança de atitudes individuais pode levar à mudança da
acção colectiva, cujo resultado será a melhoria do sistema na escala global.”
Mais informações sobre o Ano Internacional para o
Entendimento Global estão disponíveis em www.global-understanding.info. O Prof. Werlen estará disponível para entrevistas por pedido prévio.
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