Divulgação informativa e cultural da Escola Secundária/3 Camilo Castelo Branco - Vila Real

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Civismo


Ó GENTE DA MINHA TERRA

 

            Ao caminhar pelas ruas portuguesas, de norte a sul do país, é possível sentir no ar os "tão nobres" perfumes lusitanos: o cheiro dos fumeiros que se entranha nas narinas de quem os inala, o fumo da sardinhada estival que foge e se esconde por entre as vestes de quem passa e o odor da velhinha afortunada a biscoitos de amêndoa tão velhos quanto a idade que ela tenta, em vão, esconder.

            Com estes regalos olfativos vêm os visuais em tela encaminhados: um edifício, que tal como as gentes vai com o tempo murchando; casas, casebres e casarões que nunca chegaram a sê-lo, mostrando sem pudor os seus tijolos nus; ruas de Calçada pisadas por um ou outro par de pés descalços e monumentos que já foram a casa, casebre, casarão, palácio e palacete de celebridades que famosas só ficaram depois da cova.

            Em todos os exemplos acima citados é possível ver e apreciar, em primeira mão e de forma totalmente gratuita, exposições artísticas das juventudes portuguesas através dos aclamados: "Graffitis Amadores", que contêm poderosíssimas mensagens refletivas como: " O Manuel ama a Manuela" e até teorias matemáticas bastante complexas, exemplificando: " Eduarda + Catarina = BFF", sendo que BFF, segundo especialistas, é um acrónimo para "Best Friends Forever", (tradução à letra: Melhores Amigos(as) Para Sempre). Para os mais astutos há também mensagens ocultas num padrão de letras em formato arcaico, sendo consideradas (por quem as faz) um subtipo de arte abstrata. Não podemos esquecer ainda as pinturas que remetem à anatomia humana, essencialmente àquela que diz respeito à urologia.

            Sinto-me, pois, profundamente incomodada e indignada, e acho uma tremenda falta de civismo e de cultura, que o Zé da Sardinhada, o Manuel do Fumeiro e a Dona Maria dos Biscoitos de Amêndoa (quer-me parecer que as velhinhas afortunadas se chamam sempre "Dona Maria"), bem como a população, em geral, critiquem e depreciem esta desenvoltura artística dos nossos jovens.

            Soluções? Uma apenas se me apresenta: a implementação de uma ditadura artística em Portugal, com o retorno de uma PIDE renovada que mova forças contra todos aqueles que se opuserem à prática dos "Graffitis Amadores" pois, afinal, quem oprime a "liberdade de expressão" alheia não tem direito próprio à mesma.

Sara Carreta
9ºB

 

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