Divulgação informativa e cultural da Escola Secundária/3 Camilo Castelo Branco - Vila Real

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Leitura

Sobre a Leitura


O verbo “ler” suporta, muitas vezes, o imperativo. “Lê! Vai para o teu quarto e lê!” - é um conselho de pais para filhos sobejamente conhecido e nem sempre seguido! “O livro é algo sagrado! Como é possível que haja quem não goste de ler?!”- gritam os pais. “Por favor… Estamos no século do audiovisual!”- exclamam os filhos.
Partidos fora de equação, é um facto que a leitura não pode ser imposta, mas sim uma actividade associada ao prazer. Que criança não gosta de ouvir os pais a contar histórias antes de adormecer ou envolver-se em aventuras, lutar com dragões, ser o herói? Nesta fase, elas são os verdadeiros leitores e os pais um livro pois estes ensinam-lhes tudo o que se pode saber sobre um livro ainda antes de elas mesmas saberem ler. Mostram-lhes uma enorme diversidade de seres imaginários, iniciam-nos nas alegrias de uma viagem e mergulham-nos na solidão extremamente povoada de um leitor...
Mas o que acontece quando se tornam maiores? Porque perdem esse gosto? Sinceramente, não sei! Poderá ser por terem tido o azar de começarem por um mau livro?! Efectivamente, alguns livros são simplesmente melhores que outros, tal como os autores, na minha modesta opinião de leitora, pois já me apercebi que só alguns podem proporcionar-nos aventuras que ficam na nossa memória para toda a vida!...
De qualquer forma, assiste-nos o direito de não ler, mas, quer queiramos quer não, ler é essencial! Efectivamente, lendo um bom livro, ficamos a conhecer novos mundos, vivemos aventuras e conhecemos até mesmo um pouco mais de nós próprios. No final da leitura de um livro, ficamos a conhecer novas pessoas, novos mundos, ficamos com novas experiências e com novas imagens na nossa memória. Nada estimula mais a nossa imaginação do que a leitura! Tal como as pessoas, os livros podem ser intrigantes, alegres, assustadores… Os livros partilham sentimentos e pensamentos, interesses e opiniões. Os livros colocam-nos noutras épocas, noutros locais, em contacto com outras culturas. Os livros ajudam-nos a sonhar, fazem-nos reflectir…
Para além disso, a leitura desenvolve a capacidade verbal pois absorvemos, naturalmente, expressões, palavras… ficamos com um vocabulário extremamente extenso e uma escrita muito melhorada. Podemos aprender gramática na escola mas nada se compara ao que tiramos por nós próprios dos livros, sem ser preciso decorar listas e listas de conjunções, nem aprender qualquer regra de formação.
Ler é também um dos actos mais individualistas que existe. Cada um de nós tem uma diferente opinião sobre um dado livro, cada um de nós faz uma abordagem diferente. Mas o melhor método é, sem dúvida, reler um livro várias vezes, variando nas abordagens, tirando assim mais partido do livro.
Comparada ao cinema, ao rádio e à televisão, a leitura tem vantagens únicas. Em vez de precisarmos de escolher entre uma variedade limitada, podemos escolher entre as melhores obras do presente e do passado; ler onde e quando mais nos convém, ao ritmo que mais nos agrada, podendo retardar ou apressar a leitura; interrompê-la, reler ou parar para refletir, a nosso bel-prazer; ler o quê, quando, onde e como bem entendermos, flexibilidade que garante o interesse contínuo pela leitura! Mas…a infortunada verdade impõe-se e é indesmentível que uma grande porção da população não gosta de ler. E porquê? Talvez porque não saibam ler, no verdadeiro sentido da palavra. Ler não é verbalizar um conjunto de letras, de palavras. Ler é “digerir”, “processar” palavras que se associam a um conjunto de emoções, sentimentos e à nossa consciência do mundo e passam a fazer sentido.
Como disse Franz Kafka, “Um livro serve como um machado para o mar congelado dentro de nós.” Porque o gelo gela a vida, ler é urgente!!!

Beatriz Loureiro, nº 26, 10ºG

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