Testemunho de Sylva Frey
Sexta-feira, 7 de Janeiro de 2011
Liceu Camilo Castelo Branco
Querido Diário, Shalom!
Hoje, a nossa turma teve uma visita muito especial, uma senhora que testemunhou momentos do shoah - palavra hebraica única para designar o holocausto da 2ª Guerra Mundial - que ela própria viveu, enquanto filha de um pai judeu de origem polaca e de mãe alemã.
Bem, Sylva Frey chegou com a sua flha, Caroline Dominguez, que ía traduzir suas palavras, visto que a senhora falava em francês. “Shalom!” - começou por dizer. Esta palavra hebraica tem o significado de “olá”. Enquanto isto, o Alex, neto de Sylva Frey, distribuía pequenas folhas de cartolina onde nós deveríamos completar o desenho da Estrela Judaica. No seu centro escreveríamos “Jude”, “judeu” em alemão. Assim:
Com um alfinete, juntámos a estrela à nossa camisola. O Nuno, o Zé Pedro e o Zé Maria não puseram, são da “raça ariana”: são loiros e têm os olhos azuis.
Sabes uma coisa?... Que é horrível... e não faz nem um bocadinho de sentido? Mesmo que um alemão e um judeu gostassem muito um do outro... não podiam falar nem dar as mãos! Judeu e alemães não se podiam amar, não podiam namorar. Bolas!
Os alemães faziam Ghettos, pequenos aglomerados de muitos judeus. Aqueles que tinham boas casas eram obrigados a deixá-las, a passar a viver apertados, nos Ghettos, rodeados por muros.
Mas... pior que isto... são... os campos de concentração... Ainda há muita crueldade, maldade e racismo, mas daí a fazerem coisas como lá se faziam... Os judeus chegavam ao campo de concentração e o responsável fazia um gesto: mostrava ou a direita ou a esquerda com a mão.
Um dos lados significava que essa pessoa ia trabalhar. O outro queria praticamente dizer que essa pessoa ia morrer muito em breve.
Mas, no meio de toda esta maldade, havia ainda pessoas com bom coração. Os Justos arriscavam a sua própria vida, ao esconderem judeus.
Em Jerusalém há uma floresta em honra dos Justos e um museu em honra dos judeus que foram levados para os campos de concentração. Há fotografias de muitos deles, lá. Claro que não de todos, porque foram mortos cerca de 6 milhões de judeus!!!
Apesar do tema abordado, Sylva Frey fez uma palestra calma e serena. Depois disto, ficámos todos com plena consciência do mal que foi feito, do racismo, xenofobia e intolerância que foi praticada em desmedido exagero naquela época. Todos nós já tínhamos visto filmes, ouvido histórias, mas nunca da boca de uma senhora que viveu a guerra. Para nós, foi uma oportunidade bastante especial.
Com amor e carinho,
até à próxima,
7ºA
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